Protestos pró-UE na Geórgia entram na 3ª semana e em vésperas de eleições. Eurodeputados juntam-se à manifestação
Rede social X / Michael Szczerba

Protestos pró-UE na Geórgia entram na 3ª semana e em vésperas de eleições. Eurodeputados juntam-se à manifestação

Vários milhares de pessoas voltaram a reunir-se em frente ao Parlamento em Tbilissi pela 15.ª noite consecutiva. Muitos manifestantes agitaram bandeiras da UE e da Geórgia, enquanto outros bloquearam o trânsito na avenida principal.
Publicado a
Atualizado a

As manifestações pró-UE na Geórgia, que reúnem vários milhares de pessoas todas as noites em Tbilissi, entram esta quinta-feira na sua terceira semana, sem causar alterações no poder a dois dias de uma eleição presidencial por sufrágio indireto.

Este país caucasiano mergulhou numa crise política desde as eleições legislativas de 26 de novembro, ganhas pelo partido no poder Georgian Deram [Sonho Georgiano, em português], mas contestadas e consideradas irregularidades pela oposição pró-europeia.

O governo é também acusado pelos seus detratores de ter abandonado as ambições do país de aderir à União Europeia (UE).

Apesar do frio e do vento, vários milhares de pessoas voltaram a reunir-se hoje à noite em frente ao Parlamento em Tbilissi pela 15.ª noite consecutiva.

Muitos manifestantes agitaram bandeiras da UE e da Geórgia, enquanto outros bloquearam o trânsito na avenida principal, testemunharam os jornalistas da agência France-Presse (AFP).

"A nossa manifestação durará o tempo que for necessário para que o Sonho Georgiano seja expulso do poder", garantiu à AFP uma das participantes, Roussiko Dolidze, de 42 anos.

Um grupo de eurodeputados juntou-se à manifestação em frente ao Parlamento na capital da Geórgia. Alguns partilharam nas redes sociais imagens do protesto e expressaram apoio aos manifestantes pró-União Europeia.   

"Apoiamos a presidente Salome Zurabishvili nos seus esforços para colocar a Geórgia na via europeia!", escreveu o eurodeputado francês Bernard Guetta.

Comícios antigovernamentais também ocorreram em várias cidades da Geórgia, incluindo Batumi, Kutaisi e Zugdidi, noticiou a comunicação social local.

Espera-se um novo pico de tensão no sábado, para a eleição numa votação indireta. O futuro Presidente será eleito no sábado, pela primeira vez, por um colégio eleitoral e não por votação popular, no âmbito de uma alteração constitucional adotada pelo Sonho Georgiano em 2017 com vista a reforçar o seu controlo sobre o país.

É candidato Mikheil Kavelashvili, ex-jogador de futebol do Manchester City, que foi impedido de se candidatar à presidência da federação de futebol em 2025 por não ter formação superior.

Acérrima defensora do objetivo da Geórgia de se tornar membro da União Europeia, a atual Presidente juntou-se às fileiras dos detratores do Sonho Georgiano quando o partido começou a adotar uma postura de autoritarismo pró-Russia.

Vetou, sem sucesso, várias leis consideradas repressivas para a sociedade civil, os meios de comunicação social e os direitos LGBT, aprofundando a rutura com o partido no poder, que tentou por duas vezes, sem sucesso, demiti-la.

O candidato, anunciado na quarta-feira pelo presidente do Sonho Georgiano, é visto como um político anti-Ocidente de linha dura.

Embora seja mais conhecido por ter sido jogador de futebol - jogou pela seleção georgiana, pelo Dinamo Tbilissi e pelo Manchester City em meados da década de 1990 - Kavelashvili não é um novato da política.

Em 2022, deixou o Sonho Georgiano e fundou o seu próprio partido, o Poder Popular, de cariz eurocéptica e de extrema-direita.

'Repescado' agora pelo homem que verdadeiramente "mexe os cordelinhos" da política georgiana, o ex-jogador de futebol conta com o apoio do Governo e de toda a máquina do partido no poder.

Mas os resultados das presidenciais de sábado estão envoltos numa indefinição tão grande como a que vive o país atualmente.

Desde as legislativas de final de outubro, a Geórgia dividiu-se quase ferozmente entre os que apoiam a manutenção da aproximação ao Ocidente e, consequentemente, a adesão ao bloco dos 27, e os que preferem a proteção e proximidade da Rússia, na peugada dos tempos em que a pequena república pertencia à União Soviética.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt