Edmundo González Urrutia foi adversário de Maduro nas presidenciais de julho
Edmundo González Urrutia foi adversário de Maduro nas presidenciais de julhoJuan BARRETO / AFP

Procurador-geral da Venezuela pede mandado de prisão para Edmundo González Urrutia

Edmundo González Urrutia, adversário de Maduro nas eleições presidenciais de julho, é acusado de "conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem".
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O procurador-geral da Venezuela pediu esta segunda-feira um mandado de prisão para Edmundo González Urrutia, adversário do presidente venezuelano nas eleições de julho, nas quais Maduro foi proclamado vencedor, apesar das denúncias de fraude feitas pela oposição.

O Ministério Público (MP) divulgou nas redes sociais uma cópia da solicitação a um tribunal com jurisdição sobre terrorismo da "ordem de apreensão contra o cidadão Edmundo González Urrutia" por supostos crimes relacionados com as eleições, que incluem "desobediência das leis", "conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem". 

González Urrutia, de 75 anos, foi convocado a depor no MP em três ocasiões. Não compareceu a nenhuma delas, embora a terceira tenha coincidido com um apagão em todo o país na última sexta-feira, 30 de agosto.

O diplomata - em clandestinidade desde 30 de julho - argumentou que o MP estava a atuar como um "acusador político", que o submeteria a um processo "sem garantias de independência e do devido processo".

As convocações de Urritia tinham como base um site no qual a oposição publicou cópias de mais de 80% das atas de votação, documentos que afirmam comprovar a vitória de González Urrutia a 28 de julho e a fraude de Maduro.

Os documentos foram desconsiderados pelo regime de Maduro, tendo sido ordenada uma investigação pelo Supremo Tribunal após validar o resultado oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou Maduro como vencedor com 52% dos votos.

Não foi publicado, no entanto, a contagem mesa por mesa, como exige a lei. Maduro pediu que González Urrutia e a líder da oposição María Corina Machado, também na clandestinidade, fossem presos.

O presidente responsabiliza os dois pelos atos de violência nas manifestações após-eleições que resultaram em 27 mortos - dois deles militares -, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, já tinha anunciado uma investigação criminal contra ambos por "incitação à insurreição" militar, após um apelo aos militares para que reconhecessem a vitória de González Urrutia.

A Venezuela vive uma grave crise política desde as eleições de 28 de julho, com Maduro a ter sido proclamado vencedor para um terceiro mandato de seis anos. A oposição afirma que venceu de forma esmagadora e que tem os registos da votação para provar.

O governo de Maduro, que rejeita acusações de autoritarismo, não publicou uma contagem de votos que legitime a sua vitória, apesar da intensa pressão internacional.

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