Príncipe do Mónaco sobre o legado do trisavô: "um visionário extraordinário"

Alberto II inaugurou ontem em Lisboa, junto com Marcelo Rebelo de Sousa, a exposição sobre a amizade de Alberto I com o rei português D. Carlos I.

O príncipe Alberto II do Mónaco lembrou ontem, em Lisboa, que o seu trisavô, Alberto I, foi um "visionário extraordinário" que fez "avançar a causa da oceanografia" há um século. E defendeu que o seu trabalho nos pode ajudar "a perceber o que podemos fazer agora para combater os diferentes problemas dos oceanos, a sobrepesca, a poluição, a acidificação marítima, que são consequências das alterações climáticas".

O príncipe inaugurou ontem, junto com o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, a exposição O amigo oceanógrafo Alberto I do Mónaco e Portugal 1873-1920, no Museu de Marinha. No final do evento, disse ao DN que viu alguns textos e fotografias na exposição que nunca tinha visto antes sobre o trisavô, dizendo tratar-se de um "tributo muito tocante e extremamente importante".

"O príncipe Alberto I foi um visionário extraordinário que nos deixou como legado o esforço incrível que colocou em organizar diferentes expedições científicas em redor do mundo, muitas delas nos Açores, na Madeira e em Portugal em geral, que avançaram a causa da oceanografia, que era então uma jovem ciência", contou ao DN. "Apesar de não ter formação como cientista, ajudou na promoção das ciências, especialmente a oceanografia, porque tinha tanta curiosidade mental e era genuinamente apaixonado pelo mar", referiu.

Alberto II indicou ainda que o principado do Mónaco continua hoje a desenvolver vários esforços em matéria ambiental em todo o mundo, incluindo a sua fundação, que tem "a conservação dos oceanos no coração". Quanto à relação com Portugal, o príncipe destacou o esforço que está a ser feito nos Açores em relação à área protegida das Selvagens. "Estamos preparados para ajudar, junto com a fundação Oceano Azul e com a fundação Ted Waitt, que conhecemos bem, na conclusão da configuração desta grande área protegida", explicou, considerando que a proteção total deve ir além dos 10 ou 15%. "Acho que devia ser mais do que isso", referiu, lembrando que "as áreas protegidas marinhas são a melhor forma de ajudar diferentes ecossistemas a regenerarem-se. Se há menos pesca, menos presença humana nessas áreas, então isso vai beneficiar no longo prazo todas as populações que vivem ali", afirmou.

Num discurso após visitar a exposição, Marcelo Rebelo de Sousa falou de Alberto I como "um grande amigo" de Portugal, "artesão de uma amizade que se perpetuou ao longo dos anos e continua hoje". O Presidente da República destacou o seu papel para fazer avançar a ciência. "Os grandes homens deixam obras, não desaparecem." A exposição está patente até dia 18 de dezembro no Museu de Marinha, podendo ser visitada todos os dias, das 10h00 às 18h00.

susana.f.salvador@dn.pt

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