Romeu Zema é, desde esta semana, o segundo pré-candidato assumido de direita às presidenciais do Brasil de 2026. Governador de Minas Gerais desde 2018, junta-se na corrida a Ronaldo Caiado, homólogo de Goiás que avançou em abril, aproveitando a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Agora, a Zema, como a Caiado e aos também presidenciáveis Ratinho Júnior (Paraná) e ao mais forte nas sondagens de entre os quatro, Tarcísio de Freitas (São Paulo), falta convencer o bolsonarismo mais radical. O que, a julgar pelas primeiras reações, parece difícil. Zema, entretanto, mostrou no discurso de apresentação que quer agradar às alas mais à direita da direita. "Este é o Brasil real, o Brasil que não espera, que não aceita favor, nem esquema. É o Brasil que nós queremos: que trabalha, inventa, arrisca. E é com esse Brasil bravo que vamos chegar a Brasília para varrer o PT do mapa, para acabar com os abusos e perseguições de Alexandre de Moraes, para libertar o Brasil”, referindo-se ao partido do atual presidente Lula da Silva e ao juiz que está a julgar Bolsonaro por suposto golpe de estado e outros crimes. “O Brasil caminha hoje na direção de outra crise económica porque está crescendo a base de anabolizantes. A visão do PT de que gasto é vida é uma idiotice sem tamanho, assim como a aproximação do Brasil de regimes autoritários e de nações que se opõem aos nossos valores ocidentais. Sai do BRICS, Brasil”, continuou. O evento decorreu, em São Paulo, no Amcham Business Center, a Câmara Americana de Comércio, numa altura em que o governo de Donald Trump decidiu aumentar as tarifas a produtos brasileiros por, entre outros motivos, a aproximação do país sul-americano a outros membros do bloco dos BRICS, como a China, por exemplo. Zema, que é do Partido Novo, uma formação com proposta semelhante à Iniciativa Liberal portuguesa, foi eleito governador de Minas Gerais há sete anos, logo nas primeiras eleições que disputou. Na segunda volta recebeu 71% dos votos. E reeleito em 2022, logo à primeira, com mais de seis milhões de votos, equivalentes a 56%.Natural de Araxá, cidade do estado que governa, tem 59 anos e é formado em gestão de empresas. Presidiu por 26 anos ao Grupo Zema, que atua nos mercados de venda a retalho, distribuição de combustível, concessionárias de veículos, serviços financeiros e peças para automóveis, antes de optar pela política.Filho de Bolsonaro atacaNo dia seguinte ao lançamento da pré-candidatura, Carlos Bolsonaro, segundo dos filhos de Bolsonaro, criticou não só Zema mas também os demais governadores de direita que já se posicionam para 2026. O vereador do Rio de Janeiro pelo PL, mesmo partido do pai, acusou-os de tentarem herdar o espólio político do ex-presidente de “forma vergonhosa e patética”. E usou adjetivos como "desumano, sujo, oportunista e canalha” numa publicação na rede social X partilhada imediatamente pelo irmão, o deputado Eduardo.O bolsonarismo mais radical reclama da falta de adesão dos governadores ao projeto de amnistia a Bolsonaro e demais envolvidos na tentativa do suposto golpe de estado que corre no Congresso Nacional. “Enquanto Jair Bolsonaro está preso, doente e sendo lentamente assassinado (...) todos vocês se comportam como ratos, sacrificam o povo pelo poder e não são em nada diferentes dos petistas que dizem combater. Limitam-se a gritar 'fora PT' e estão preocupados apenas com os seus projetos pessoais e com o que o mercado manda”.PONTO DA SITUAÇÃO 2026À ESQUERDALula da Silva é candidatíssimo a um quarto mandato e, a um ano do arranque da campanha, lidera em todos os cenários. Caso por algum motivo não concorra (fará 81 anos dois dias depois da segunda volta), o plano B do PT volta a ser Fernando Haddad, ministro da Fazenda e segundo mais votado em 2018. Gleisi Hoffmann, Wellington Dias, Camilo Santana e Rui Costa, todos ministros, a primeira-dama Janja da Silva e o juiz do STF Flávio Dino já foram citados mas são apostas improváveis. Fora do PT, o vice Geraldo Alckmin (PSB), derrotado em 2006 e em 2018, é, como Haddad, nome forte. Guilherme Boulos deve também candidatar-se mas pelo esquerdista PSOL.AO CENTROCiro Gomes (PDT) já garantiu que não será candidato pela quinta vez - mas disse o mesmo noutras ocasiões e concorreu. Simone Tebet (MDB), terceira mais votada em 2022, entrou no governo Lula como ministra do Planeamento a pensar no Planalto em 2026, escreveu-se na altura. Hoje soa improvável que concorra contra o chefe de governo. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul pelo PSD, pondera. À DIREITA“Lula é misto de mau-caratismo e incompetência”, disse ao DN o primeiro pré-candidato assumido, Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Como os homólogos Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Junior (Paraná) e Romeu Zema (Minas Gerais), que avançou agora, busca a benção de Bolsonaro. É mais provável, porém, o ex-presidente apoiar um familiar como Michelle Bolsonaro ou os filhos Flávio ou Eduardo. Pelo Republicanos, a senadora Damares Alves sugeriu-se a si mesma e o ex-vice Hamilton Mourão foi mencionado.OUTSIDERSDesde 2022 foram sugeridos os apresentadores Luciano Huck e Danilo Gentili, o youtuber Felipe Neto e o cantor Gusttavo Lima, que chegou a avançar mas retirou-se. .Direita brasileira apressa a corrida às presidenciais de 2026