Os deputados alemães aprovaram uma flexibilização das leis constitucionais de endividamento para permitir despesas mais elevadas com a defesa, uma resposta às preocupações crescentes de que a administração Trump não mantenha os seus compromissos de segurança para com os aliados. De acordo com o novo plano, as despesas superiores a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) relacionados com a defesa ficarão isentas do travão da dívida. Este instrumento financeiro limita o défice orçamental a 0,35% do PIB, exceto em situações de emergência.O plano inclui um fundo de 500 mil milhões de euros para as infraestruturas, incluindo 100 mil milhões destinados ao ambiente, para investir ao longo de 12 anos; também autoriza as regiões a endividar-se até 0,35% do PIB. A proposta conjunta dos sociais-democratas (que lideram o governo em fim de mandato) e dos democratas-cristãos (vencedores das eleições de 23 de fevereiro) necessitava de um mínimo de 489 votos, e acabou por obter 513 votos favoráveis e 207 contra. O plano, que foi votado antes da atual legislatura terminar porque na próxima configuração do Parlamento seria mais difícil, senão impossível, alcançar dois terços, vai permitir que Berlim disponibilize 7 mil milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia durante este ano, um aumento significativo face ao que estava orçamentado (4 mil milhões de euros).Dirigindo-se aos deputados, o provável próximo chanceler Friedrich Merz disse que somas tão elevadas de dívida só se justificam em “circunstâncias muito extraordinárias” e estas estão à vista, com “a guerra de agressão do presidente russo Vladimir Putin contra a Europa”. O líder conservador fez questão de repetir: “É uma guerra contra a Europa e não apenas uma guerra contra a integridade territorial da Ucrânia.” Merz, que declarou como “absoluta prioridade” a independência da Europa face aos Estados Unidos, disse que este pacote legislativo, cujo valor pode ascender a 1 bilião de euros, é o “primeiro grande passo em direção a uma comunidade de defesa europeia”.A medida foi elogiada pela presidente da Comissão Europeia. “Envia uma mensagem muito clara à Europa de que a Alemanha está determinada a investir maciçamente na defesa”, disse a também conservadora alemã Ursula von der Leyen.