Portugal disponível para receber 50 cidadãos afegãos
O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu esta terça-feira que Portugal poderá receber um total de 50 cidadãos afegãos depois da tomada de poder por parte dos talibãs no Afeganistão.
"No quadro da União Europeia foi pedido a todos os Estados-membros que participassem num primeiro esforço para garantir que várias centenas de pessoas que colaboraram com o serviço europeu de ação externa e com a embaixada europeia em Cabul fossem protegidas. Nós já indicámos a nossa disponibilidade para receber imediatamente 20 dessas pessoas. Já hoje, na reunião dos embaixadores da NATO, um esforço pararelo foi feito e nós também avançamos com uma primeira proposta de três dezenas a acolher imediatamente em Portugal", afirmou Augusto Santos Silva, em declarações à TVI24.
O chefe da diplomacia portuguesa frisa que a UE "tem obrigação de proteger e de salvaguardar a vida dos muitos milhares de afegãos que colaboraram com as forças internacionais, como tradutores ou intérpretes, que hoje têm a sua segurança posta em perigo".
Santos Silva espera que os talibãs cumprem as suas promessas relativas ao respeito pelos direitos humanos. "Os talibãs têm-se multiplicado em declarações, dizendo que são muito diferentes hoje do que eram há 20 anos, que respeitarão os direitos das mulheres, em particular, o direito das mulheres à saúde, à educação, que querem fazer um governo inclusivo, com representantes das várias forças políticas afegãs. De facto, está nas mãos deles mostrarem que podemos confiar neles minimamente", vincou.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.