Alvaro Uribe
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Por suborno de testemunhas, Álvaro Uribe torna-se no primeiro ex-presidente colombiano a ser condenado

Juíza considerou que o antigo presidente ofereceu benefícios, através de emissários, a pessoas privadas de liberdade para sua vantagem em vários casos que tem pendentes.
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Uma juíza de Bogotá decidiu esta segunda-feira, 28 de julho, que o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe (2002-2010) é penalmente responsável pelo crime de suborno de testemunhas em atuação penal, no âmbito de um caso que remonta a 2012.

A juíza de Bogotá Sandra Liliana Heredia Aranda tornou público numa audiência que durou seis horas que Uribe é culpável pelo crime de suborno em atuação penal porque, através do seu advogado, Diego Cadena, tentou subornar, entre outros, o ex-paramilitar Juan Guillermo Monsalve.

Sandra Heredia considerou que o fundador e presidente honorário do partido político conservador Centro Democrático ofereceu benefícios, através de emissários, a pessoas privadas de liberdade para sua vantagem em vários casos que tem pendentes. Mas Também por manipular testemunhas para que vinculassem o senador Iván Cepeda a atos ilegais.

"Álvaro Uribe Vélez sabia da natureza ilícita das suas ações", afirmou a juíza no final da sua sentença, rebatendo o argumento do ex-Presidente de que o seu advogado agiu sem saber o que estava a fazer.

O veredicto é de primeira instância, pelo que Uribe poderá recorrer, mas a decisão é histórica, pois é a primeira vez na história moderna da Colômbia que um ex-presidente é condenado. "A justiça chegou como devia: calma, ponderada e sem pressão. Este julgamento não é um julgamento contra a história política, não é vingança. É um ato de justiça, e só de justiça. Pedimos respeito. Pedimos bom senso. Pedimos que este momento seja compreendido com a maturidade que merece", afirmou Herédia antes de ler o veredicto.

A sentença será anunciada na tarde de sexta-feira na Colômbia (madrugada em Portugal Continental), podendo Uribe ser condenado até nove anos de prisão.

Tanto o ex-presidente colombianos como os seus aliados políticos argumentam que as provas contra ele ele são inconclusivas e, por isso, uma condenação é uma questão de direito. "Ninguém pode ser condenado com base em provas que comprovem a sua inocência", afirmou Jaime Granados, advogado de defesa, em entrevista ao El País.

Por outro lado, o senador de esquerda Iván Cepeda fala num "dia para reconhecer a justiça como garante da democracia”. "A juíza defendeu, talvez pela primeira vez na nossa história republicana, o princípio de que ninguém pode violar a lei e as instituições impunemente, um princípio fundamental da democracia que até agora excluiu aqueles que ocupam os mais altos escalões do governo”, acrescentou.

O julgamento começou em fevereiro, após quase 13 anos de tentativas da defesa de Uribe para que o caso fosse arquivado. Embora a Procuradoria-Geral da República da Colômbia tivesse apoiado esta posição durante vários anos sob a liderança de Francisco Barbosa – um aliado político de Uribe – os tribunais têm negado repetidamente o apelo.

Com a chegada de Luz Adriana Camargo à liderança Ministério Público, em março do ano passado, a postura do organismo alterou-se radicalmente, tendo acusado o ex-presidente de arquitetar e apoiar "uma estratégia que visava a manipulação do rumo da Justiça Penal, utilizando terceiros com o objetivo deliberado de forçar retratações de testemunhas-chave".

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