Jair Bolsonaro
Jair BolsonaroFoto: EPA / ANDRE BORGES / Lusa

Polícia à paisana vigia Jair Bolsonaro 24 horas por dia por “risco de fuga”

Polícia, procuradoria e supremo temem pedido de asilo de político do ex-presidente, que mora em zona de embaixadas, às vésperas do julgamento por golpe de estado.
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Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) que comanda o processo contra Jair Bolsonaro por golpe de estado e outros crimes, determinou na terça-feira, dia 26, a pedido da Procuradoria-Geral da República, que agentes da polícia penal do Distrito Federal vigiem 24 horas por dia o ex-presidente do Brasil. Em causa, o suposto risco de fuga do réu às vésperas do julgamento marcado para 2 de setembro.

“O monitoramento realizado pelas equipas da Polícia Penal do Distrito Federal deverá evitar a exposição indevida, abstendo-se de toda e qualquer indiscrição, inclusive mediática, sem adoção de medidas intrusivas da esfera domiciliar do réu ou perturbadoras da vizinhança; ficando ao seu critério a utilização ou não de uniforme e respectivos armamentos necessários à execução da ordem”, lê-se na nota do juiz do STF encarregado de relatar o caso que envolve ainda outros sete réus por tentativa de golpe entre 2022 e 2023.

Imprensa brasileira fotografou agentes à paisana nas imediações da casa

Na semana anterior, um relatório da Polícia Federal (PF) apontou possível não cumprimento das medidas cautelares a que Bolsonaro estava sujeito, como a obrigatoriedade de voltar a casa até às 19 horas, o que levou Moraes a determinar prisão domiciliar. 


Entretanto, uma operação de busca e apreensão da PF que visava investigar coação de Bolsonaro ao sistema judicial - sanções económicas aplicadas pelos EUA ao Brasil após lobby de Eduardo Bolsonaro, deputado radicado no país norte-americano e filho do ex-presidente, foram vinculadas à situação judicial do ex-presidente - encontrou um documento produzido em fevereiro de 2024 com um pedido de asilo político na Argentina.


“Os elementos de prova obtidos pela Polícia Federal indicam que Jair Messias Bolsonaro tinha posse de documento destinado a possibilitar sua evasão do território nacional", disse Moraes no dia 20 de agosto. 


Em março de 2024, o ex-presidente dormiu duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília, por receio de prisão logo após a PF lhe apreender o passaporte noutra operação de busca e apreensão. Viktor Orban, primeiro-ministro húngaro, é, assim como o presidente argentino Javier Milei, aliado de Bolsonaro. 

Por outro lado, a casa onde Bolsonaro mora, no luxuoso Condomínio Solar de Brasília, dista apenas 12 minutos da embaixada dos EUA e de outros países, o que aumenta o temor das autoridades da eventual fuga. Segundo especialistas, basta entrar num automóvel consular para se poder pedir asilo.  

Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama reagiu, entretanto, com indignação à vigilância 24 horas. “A cada dia que passa o desafio tem sido enorme, resistir à perseguição, lidar com as incertezas e suportar as humilhações (..) mas hoje eu declaro: o Brasil pertence ao Senhor Jesus”. 

Correspondente do DN em São Paulo

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