Uday e Mohammed Mahra, hospitalizados no norte do enclave devido a desnutrição.
Uday e Mohammed Mahra, hospitalizados no norte do enclave devido a desnutrição.OMAR AL-QATTAA/AFP

Peritos da ONU e Israel trocam acusações sobre “campanha de fome”

Desnutrição aguda grave já levou à morte de pelo menos 34 palestinianos e há 60 crianças hospitalizadas no norte do enclave. Hamas e Telavive também se culpam mutuamente.
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Um painel de dez peritos independentes ao serviço das Organização das Nações Unidas acusou Israel de conduzir uma “campanha de fome intencional e direcionada”, uma “forma de violência genocida” que resultou na morte de crianças em Gaza. Noutra dimensão da guerra, o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU declarou estar “chocado” com as novas ordens dadas aos civis para se deslocarem para áreas onde estão a decorrer operações militares.

A ONU não declarou oficialmente a existência de fome na Faixa de Gaza, mas os peritos, incluindo o relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, Michael Fakhri, disseram ser inegável que há fome. “Trinta e quatro palestinianos morreram de subnutrição desde 7 de outubro, sendo a maioria crianças”, afirmaram os peritos, nomeados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas que não falam em nome da organização.

Israel respondeu com acusações ao painel. “O sr. Fakhri e muitos dos chamados ‘peritos’ que a ele se juntaram estão tão habituados a espalhar desinformação, como a apoiar a propaganda do Hamas e a proteger a organização terrorista do escrutínio”, declarou em Genebra a missão de Israel na ONU.

Há mais dados a juntar: a Organização Mundial de Saúde disse que 60 casos de desnutrição aguda grave foram detetados na semana passada no Hospital Pediátrico Kamal Adwan, no norte do enclave. Do ponto de vista de Telavive, Israel aumentou a coordenação e a assistência para a assistência humanitária chegar às populações. O problema, alega, é que o Hamas “rouba e esconde intencionalmente a ajuda dos civis”.

Por sua vez, a organização islamista apontou o dedo ao “Governo terrorista israelita” de prosseguir a sua “política de fome” ao “impedir a entrada de camiões de ajuda alimentar pelo 64.º dia consecutivo” - o que, na sua perspetiva, “ameaça causar uma catástrofe humana e a perda de mais crianças inocentes”.

Enquanto prosseguem combates na Cidade de Gaza - com as Brigadas al-Qassam a alegarem ter morto um número indeterminado de soldados israelitas no Bairro de Shujayea, milhares de civis foram forçados a sair da devastada urbe. 

O Gabinete de Direitos Humanos da ONU criticou as ordens de retirada das Forças Armadas israelitas, as quais obrigaram os palestinianos a fugir para áreas no oeste e no sul da Cidade de Gaza, que também são alvos de ataques e onde “civis estão a ser mortos”, segundo a agência.

Os esforços diplomáticos são retomados hoje com nova ronda de negociações no Qatar, e que incluem a presença dos chefes da CIA e da Mossad, William Burns e David Barnea, respetivamente.  

*Com AFP

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