"Parem e não se revoltem". Avó de Nahel faz apelo à calma

"Eu digo às pessoas que estão revoltadas: não partam janelas, ataquem escolas ou autocarros. Parem", disse a avó de Nahel M., o adolescente francês que a morte provocou cinco noites de agitação.
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A avó de Nahel M., o adolescente francês cuja morte, baleado por um polícia, provocou cinco noites de tumultos, fez este domingo um apelo à calma, pedindo às pessoas que "parem e não se revoltem".

"Eu digo às pessoas que estão revoltadas: não partam janelas, ataquem escolas ou autocarros. Parem! São as mães que estão a apanhar os autocarros, são as mães que andam lá fora", disse a avó de Nahel, Nadia, à televisão BFM, considerando que aqueles que têm participado de forma violenta nos protestos estão a usar o neto como pretexto.

No entanto, Nadia condenou as manifestações de apoio ao polícia que disparou contra o neto.

O colunista Jean Messiha, que apoiou a candidatura presidencial de extrema-direita de Éric Zemmour, em 2022, depois de ter passado pela Frente Nacional de Le Pen, iniciou uma angariação de fundos para a família do agente, sublinhando que este se limitou a fazer o seu trabalho e que "está a pagar um preço alto" pela sua ação.

Esta iniciativa "parte-me o coração", apontou Nadia, culpabilizando o agente pela morte do neto.

O Governo francês também pediu este domingo para que se evitem generalizações sobre a polícia francesa, na sequência do caso e garantiu que, em caso de abuso, a justiça investigará.

"É preciso ter cuidado para não se fazerem generalizações com base numa situação específica. Esta é a mensagem, penso eu, que as nossas forças de segurança que estão mobilizadas no terreno precisam de ouvir", defendeu o Governo francês, segundo declarações do porta-voz do executivo, Olivier Véran, ao canal público FranceInfo.

Nahel, um jovem de 17 anos, de ascendência árabe, foi vítima de um disparo mortal por parte de um polícia, na terça-feira, 27 de junho, quando tentava fugir de uma operação stop, em Nanterre, nos arreadores de Paris.

As imagens em que o jovem francês recebe um disparo mortal por parte de um polícia, registadas por testemunhas, provocaram uma forte indignação em França, o que culminou em protestos nas ruas, principalmente nos bairros sociais das grandes cidades e na região metropolitana de Paris.

Os confrontos em França contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, desde então, têm-se registado diariamente com milhares de pessoas nas ruas.

No sábado, quinta noite consecutiva de distúrbios em França, pelo menos 719 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos, informou hoje o Ministério do Interior.

Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, indicou que, apesar dos incidentes, a noite de sábado para hoje foi mais calma que as anteriores, facto que, no seu entender, se deve a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.

As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.

O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.

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