Mísseis iranianos sob os céus em Telavive.
Mísseis iranianos sob os céus em Telavive.EPA/ABIR SULTAN

Operação "Rising Lion". Uma semana de ataques de Israel e de contra-ataques do Irão

Israel começou o ataque contra o nuclear iraniano na passada sexta-feira, 13 de junho, e desde então os dois países trocam mísseis, drones e bombas.
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Sexta-feira, 13 de junho

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anuncia o lançamento da operação “Rising Lion” - supostamente uma referência bíblica sobre a força e o poder de Israel, que é comparado a um leão que não descansará até ter a sua fome saciada. O alvo israelita é o programa nuclear iraniano, com bombardeamentos à central de enriquecimento de urânio de Natanz. Cientistas iranianos e líderes militares são também assassinados. O Irão responde quase de imediato com um ataque de drones, que levam horas a percorrer a distância entre os dois países e são intercetados antes de chegarem ao destino. Mais de 12 horas depois, as sirenes soam em Israel com o primeiro ataque de mísseis (mais rápidos, levam apenas minutos a chegar). Apesar do sistema de defesa israelita intercetar a grande maioria, há ainda assim impactos em Telavive e noutros locais e cinco pessoas ficam feridas.

Sábado, 14 de junho

Apesar dos esforços diplomáticos e dos apelos à contenção, os bombardeamentos continuam de ambos os lados. Os alertas são constantes em Israel, com o registo dos primeiros mortos, enquanto os caças das Forças de Defesa de Israel prosseguem os ataques em território iraniano, assim como os assassinatos dos cientistas ligados ao programa nuclear.

Domingo, 15 de junho

O dia devia ter sido de mais uma ronda de contactos entre Washington e Teerão sobre o programa nuclear, mas foi tudo cancelado. O presidente norte-americano, Donald Trump, diz que não tem nada a ver com o ataque de Israel, mas ameaça responder a qualquer ataque do Irão contra alvos dos EUA com “toda a força e o poder das Forças Armadas”. E insiste que ainda é possível um acordo, dizendo mais tarde que haverá “paz em breve”. Fontes alegam que vetou um plano de Netanyahu para assassinar o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, mas Israel nega. No terreno, continuam os bombardeamentos mútuos. Um dos mísseis iranianos atinge um edifício de apartamentos de oito andares em Telavive, matando 13 pessoas.

Segunda-feira, 16 de junho

Quarta noite de ataques, com o número de mortos no Irão a ultrapassar os 200 desde sexta-feira. Um dos alvos israelitas neste dia é a sede da televisão estatal iraniana, sendo também visados caças no aeroporto de Teerão e um centro de comando dos Guardas Revolucionários. O secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anuncia o reforço das capacidades militares norte-americanas na região - foram enviados aviões de reabastecimento para a Europa e o porta-aviões USS Nimitz avança para a região desde o Mar do Sul da China. Trump abandona mais cedo a reunião do G7, no Canadá, para se dedicar à situação no Médio Oriente.

Terça-feira, 17 de junho

Os bombardeamentos continuam de ambos os lados, com Israel a virar a sua atenção para a central de enriquecimento nuclear de Fordo - que será a mais importante do Irão. Mas foi construída dentro das montanhas e só os norte-americanos têm bombas com capacidade de penetrar 60 metros sob a superfície terrestre antes de explodir. A Agência Internacional de Energia Atómica, que diz não ter provas de que o Irão estava a construir uma bomba atómica, fala em “impactos diretos” na central de Natanz, mas ainda não nas de Fordo ou Isfahan. Trump diz que os EUA sabem onde está escondido Khamenei, mas não têm intenções de o matar... “por enquanto”.

Quarta-feira, 18 de junho

Israel, que alega “operar livremente” nos céus iranianos, diz ter atingido pelo menos 40 locais diferentes, incluindo fábricas de armas e de produção de centrifugadoras. Na 12.ª vaga de ataques desde sexta-feira, o Irão diz ter usado os mísseis Sejjil de longo alcance. Explosões foram registadas em Telavive, mas sem registo de mortes. Khamenei faz o primeiro discurso televisivo desde o início do ataque israelita, alertando que qualquer intervenção militar dos EUA teria “consequências irreparáveis”. Trump diz que ainda não tomou uma decisão sobre atacar o Irão. “Posso fazê-lo. Posso não fazê-lo.”

Quinta-feira, 19 de junho

Os mísseis iranianos atingem vários locais em Israel, incluindo um hospital no sul do país (Teerão alega que o alvo era um centro militar e de inteligência próximo). Pelo menos 240 pessoas ficaram feridas nos bombardeamentos, quatro delas com gravidade. Em resposta, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, diz que o líder supremo do Irão “não pode continuar a existir”. Israel atacou ainda o reator de Arak, não havendo aparentemente perigo de radiação. O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araqchi, confirma encontro com homólogos britânico, francês e alemão esta sexta-feira em Genebra.

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