OMS declara o fim da pandemia de covid-19. Fez 20 milhões de mortos

O secretário-geral da Organização Mundial de Saúde assume que a doença deixou de ser uma emergência global, mas "isto não significa que tenha deixado de ser uma ameaça para a saúde".
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta sexta-feira o fim da pandemia de covid-19, três anos e quatro meses depois de ter sido decretada, mais concretamente a 11 de março de 2020.

"É, com grande esperança, que declaro o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global. Contudo, isto não significa que a covid-19 tenha deixado de ser uma ameaça para a saúde a nível global. Na semana passada, a covid-19 tirou uma vida a cada três minutos e estas são apenas as mortes de que temos conhecimento", disse Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

De acordo com aquele responsável, a pandemia provocou a morte de "pelo menos 20 milhões de pessoas" em todo o mundo, quase três vezes mais do que aquilo que é a estimativa oficial. Terão sido ainda diagnosticados mais de 765 milhões de infeções.

Em conferência de imprensa, Tedros Ghebreyesus reforçou a ideia de que a doença não deve ser desvalorizada após este anúncio, assegurando que ela continua a ser um risco para a saúde.

"Este é o tempo dos países fazerem a transição do modo de emergência para a começarem a gerir a covid-19 juntamente com outras doenças infecciosas", disse o secretário-geral da OMS, acrescentando que esta "não foi uma decisão precipitada". "Trata-se de uma decisão que foi ponderada com cuidado durante algum tempo, planeada e tomada com base numa análise atenta dos dados. Se for necessário, não hesitarei em convocar outro comité de emergência caso a covid-19 volte a colocar o nosso mundo em perigo", acrescentou.

Em Portugal, os primeiros casos desta doença foram diagnosticados a 2 de março de 2020 e, duas semanas depois, o País entrava no seu primeiro estado de emergência. No total, Portugal contabilizou 26 mil mortos, sendo que mais de 5,5 milhões de pessoas contraíram o vírus.

O comité de emergência da OMS considerou ser este o "momento certo de avançar" para a gestão da covid-19, que deixou de ser um "evento incomum e inesperado" que justifique um nível de alerta mais elevado.

"Embora a emergência de saúde pública global (PHEIC, na sigla em inglês) tenha sido um instrumento valioso para apoiar a resposta global à covid-19, o comité concordou que é o momento certo para avançar para a gestão a longo prazo do SARS-CoV-2 como um problema de saúde contínuo", adiantou a OMS em comunicado.

Na reunião de quinta-feira, os peritos do comité avaliaram a situação da pandemia à luz dos três critérios definidos na PHEIC: Se a covid-19 continuava a constituir um evento extraordinário, se se mantinha o risco de saúde pública para outros Estados através da disseminação internacional e se potencialmente requeria uma resposta internacional coordenada.

De acordo com a OMS, o comité de emergência considerou que, embora o SARS-CoV-2 continue a circular e a evoluir, com o risco de surgimento de novas variantes, "já não constitui um evento incomum ou inesperado", mas Tedros Adhanom Ghebreyesus salientou que pode voltar a convocar esse órgão, se a situação vier a exigi-lo.

"Chegar ao ponto em que a covid-19 pode ser considerada como não constituindo mais uma PHEIC deve ser visto como um reconhecimento à coordenação internacional e ao compromisso com a saúde global", destacaram ainda os especialistas.

Na sequência da decisão hoje tomada, a OMS recomendou aos países que atualizem os planos de preparação para pandemias de agentes patógenos respiratórios, incorporando as aprendizagens da covid-19, e que restaurem os programas de saúde afetados pela pandemia.

Além disso, devem integrar a vacinação contra a covid-19 nos programas de vacinação ao longo da vida, assim como manter os esforços para aumentar a cobertura vacinal contra a covid-19 para todas as pessoas dos grupos de alta prioridade.

A organização recomendou ainda que os países continuem a levantar as medidas de saúde relacionadas com viagens internacionais, com base em avaliações de risco, e a deixar de exigir comprovativos de vacinação como pré-requisito para essas deslocações.

No seu parecer à OMS, os membros do comité destacaram a tendência decrescente das mortes por covid-19, a diminuição das hospitalizações e dos internamentos em unidades de cuidados intensivos e os elevados níveis de imunidade da população mundial ao SARS-CoV-2.

Segundo a OMS, a nível global, foram administradas cerca de 13,3 mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19.

Atualmente, 89% dos profissionais de saúde e 82% dos adultos com mais de 60 anos completaram a vacinação primária, embora a cobertura nesses grupos prioritários varie em diferentes regiões do mundo.

"A covid-19 deixou -- e continua a deixar -- cicatrizes profundas no nosso mundo. Essas cicatrizes devem servir como um lembrete permanente do potencial de surgimento de novos vírus, com consequências devastadoras", alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

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