OMS condena ataques a macacos no Brasil por medo da Monkeypox

Margaret Harris, porta-voz da OMS, sublinhou que, apesar do nome, os macacos não são os principais transmissores da doença e não têm nada a ver com o surto atual
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A Organização Mundial da Saúde enfatizou esta terça-feira que os surtos de Monkeypox não estão ligados a macacos, após uma série de relatos sobre ataques aos primatas no Brasil.

"O que as pessoas precisam de saber é que a transmissão que estamos a ver está a acontecer entre humanos", disse a porta-voz da OMS Margaret Harris a repórteres em Genebra.

Harris insistiu que os primatas não podem ser culpados pelo aumento dos casos de Monkeypox no Brasil após relatos de um aumento dos ataques físicos e envenenamentos de macacos no país sul-americano.

Os media locais detalharam um aumento nos ataques a macacos usando pedras ou veneno em várias cidades brasileiras. Numa reserva natural em Rio do Preto, estado de São Paulo, 10 macacos parecem ter sido envenenados ou feridos intencionalmente em menos de uma semana, segundo o site de notícias G1.

Equipas de resgate e ativistas suspeitam que os macacos foram envenenados e atacados depois de três casos de varíola serem confirmados na área, disse o G1.

Globalmente, mais de 28.100 casos e 12 mortes foram registados, no meio de um aumento global de infeções por Monkeypox desde maio fora dos países da África Ocidental e Central, onde a doença é endémica há muito tempo.

Até ao momento, o Brasil registou mais de 1.700 casos e uma morte, segundo dados da OMS.

Margaret Harris sublinhou que, apesar do nome, os macacos não são os principais transmissores da doença e não têm nada a ver com o surto atual.

Monkeypox recebeu esse nome porque o vírus foi identificado pela primeira vez em macacos mantidos para investigação na Dinamarca, mas a doença é encontrada em vários animais e mais frequentemente em roedores.

Embora o vírus possa passar de animais para humanos, a recente explosão global de casos deve-se ao contacto próximo entre humanos, disse Harris. "A preocupação deve ser sobre onde está a circular na população humana e o que os humanos podem fazer para se proteger de contrair e transmitir [o vírus]", disse. As pessoas "seguramente não deveriam estar a atacar nenhum animal".

Harris disse que a melhor maneira de conter o vírus é "se as pessoas reconhecerem que têm sintomas, procurarem ajuda e cuidados médicos e tomarem precauções para evitar que ele seja transmitido". Isso requer aumentar a conscientização entre aqueles que estão em maior risco.

Quase todos os casos até agora ocorreram entre homens que fazem sexo com homens, e a OMS alertou contra a estigmatização dos infetados. "Qualquer estigmatização de qualquer pessoa infetada aumentará a transmissão, porque se as pessoas tiverem medo de se identificar como infetadas, não receberão atendimento e não tomarão precauções", disse Harris. "Portanto, não estigmatize nenhum animal ou qualquer humano, porque se fizer isso, teremos um surto muito maior".

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