A sessão de abertura dos Mafra Dialogues em 2023. O Real Edifício de Mafra acolhe, de novo, a iniciativa.
A sessão de abertura dos Mafra Dialogues em 2023. O Real Edifício de Mafra acolhe, de novo, a iniciativa.DR/IPDAL

“Objetivo é continuar a pôr Portugal como hub de discussões geopolíticas”

A 4.ª edição da iniciativa do IPDAL e da Câmara Municipal de Mafra decorre hoje e amanhã no Real Edifício de Mafra. A guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, como a ameaça do Indo-Pacífico vão estar em debate.
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A Europa depois da guerra na Ucrânia, as relações entre muçulmanos e judeus à luz do conflito no Médio Oriente, assim como a tensão na região do Indo-Pacífico são três dos temas que serão debatidos na IV edição dos Mafra Dialogues: Diálogos Estratégicos e Diplomacia da Paz, uma iniciativa do Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas (IPDAL) e da Câmara Municipal de Mafra.

“O objetivo dos Mafra Dialogues é continuar a pôr Portugal como hub d e discussões da geopolítica, das Relações Internacionais, da diplomacia”, disse ao DN o secretário-geral do IPDAL, Gastón Ocampo. “E mesmo que o nome diga que somos um instituto que trabalha a América Latina e as Caraíbas, o IPDAL continua a sua expansão geográfica, crescendo também em impacto”, acrescentou.

“Portugal, historicamente, tem feito um ótimo trabalho em mediar conflitos, em ser uma ponte entre diferentes continentes, nomeadamente Europa e América Latina, Europa e África e Europa e Médio Oriente. Este hub  que Portugal continua a ser e que continua a desenvolver-se em termos de importância e relevância, é algo que o IPDAL identificou como principal objetivo para este tipo de iniciativas”, resumiu.

A agenda da IV edição dos Mafra Dialogues, que decorre no Torreão Sul do Real Edifício de Mafra, percorre os atuais conflitos no mundo, com várias intervenções de representantes ucranianos - incluindo o encerramento com Igor Ivanovych Zhovkva, vice-chefe de Gabinete do presidente Volodymyr Zelensky - e um painel sobre As relações entre muçulmanos e judeus à luz do recente conflito.

“O que está a acontecer no mundo é muito preocupante. A situação no Médio Oriente, na Europa, onde temos uma guerra pela primeira vez em muitos anos, quando muitos especialistas achavam que era algo impossível”, explicou Ocampo. “É muito importante podermos discutir formas pelas quais a diplomacia e o diálogo podem atingir soluções mais longevas que o conflito armado e a violência.”

Mas os Mafra Dialogues  debruçam-se também sobre aquele que se acredita poder ser o próximo foco de conflito, o Indo-Pacífico, com um dos painéis a contar com a participação de um research fellow  do Instituto de Pesquisa de Defesa e Segurança Nacional de Taiwan, Domingo I-Kwei Yang.

Sem esquecer o foco latino-americano do IPDAL, outro dos painéis aborda os Desafios e lições aprendidas na América Latina e Caraíbas, com a intervenção, entre outros, do embaixador da Colômbia em Portugal, José Fernando Bautista. Outro ponto de conversa será o diálogo inter-religioso e o papel que pode ter em alcançar a paz, usando África como exemplo.

“Motivado pela necessidade urgente de gerar respostas coletivas para as incertezas do presente e do futuro, e inspirado pelo simbólico 75º aniversário da ONU, o IPDAL assumiu o dever de contribuir para uma reflexão que permita reafirmar a centralidade da diplomacia e das organizações multilaterais no atual contexto de reconfiguração geopolítica”, indicou a organização, “O mundo precisa, mais do que nunca, de multilateralismo. De mediação e prevenção de conflitos. De Diálogos Estratégicos e de uma Diplomacia da Paz”, insiste.

Mafra acolhe pela quarta vez estes debates, com Ocampo a considerar que o Real Edifício é o “lugar ideal para discutir” estes temas, uma vez que junta Governo, Forças Armadas e Igreja.

“O edifício mandado construir pelo rei D. João V, no século XVIII, é a materialização do conhecimento e da técnica dos melhores mestres de várias nacionalidades, pelo que, considerando a sua universalidade, é o espaço de excelência para receber o Mafra Dialogues”, disse ao DN o presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva, que considera este evento também como uma oportunidade de dar visibilidade turístico-cultural ao conjunto distinguido como Património Mundial pela UNESCO em 2019. 

Para o autarca, esta conferência constitui “uma oportunidade” para posicionar o seu município “no roteiro dos grandes eventos que, reunindo influentes personalidades e organizações mundiais, pretendem contribuir para a promoção do debate sobre as ameaças à paz internacional e para a apresentação de propostas que mantenham a Humanidade no caminho da procura de soluções pacíficas”.

“Perante a crescente emergência de novos riscos à escala mundial, espera-se que o Mafra Dialogues  possa corresponder à premência do debate, quer pela qualidade das intervenções, quer ainda pela adesão do público”, acrescentou o autarca, lembrando que, à semelhança dos anos anteriores, “o evento decorrerá não só em modo presencial, como terá transmissão online  em direto, com tradução simultânea, de forma a que, a partir de qualquer parte do mundo, os cidadãos possam usufruir deste exercício de reflexão, que se quer cada vez mais participado”.

susana.f.salvador@dn.pt

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