O pontapé de saída nas presidenciais brasileiras de 2026 foi dado, a 2 de abril, por Ronaldo Caiado, 75 anos, médico de formação. O governador, muito bem avaliado, do estado de Goiás lançava, num evento na Bahia, a pré-candidatura, tentando conquistar o vácuo deixado, à direita, pela inelegibilidade e até eventual prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Semanas depois, Caiado conta ao DN o que o move.Quais serão as prioridades da sua campanha e da sua eventual presidência?Várias pesquisas indicam que a segurança pública é a principal preocupação de mais de 80% da população. E tenho resultados para mostrar. Goiás é uma exceção no Brasil. Aqui bandido não se cria e os índices de criminalidade estão em queda há anos. Em 2018, antes de chegar, Goiás registrou 2118 homicídios dolosos; em 2024, registrou 945; ou seja, caíram 55%. Outros crimes caíram mais ainda: roubo a propriedade rural, 81%; roubo de veículos, 93%; roubo de cargas, 97%; roubo a instituição financeira; 100%. Mas não vamos falar só de segurança pública. Vamos falar de saúde, educação, economia, infraestrutura. Sob a minha gestão, Goiás atingiu o primeiro lugar no ensino médio e o menor número de pessoas na extrema pobreza no Brasil. Quero mostrar que é possível, sem corrupção e com respeito ao dinheiro público, melhorar a qualidade de vida da população.É muito bem avaliado em Goiás mas as sondagens dizem que não é muito conhecido no Brasil em geral. Como tenciona mudar isso?É verdade. Mas esse é o melhor dos desafios. Quem me conhece sabe que gosto de conversar com as pessoas. A minha agenda sempre foi cheia, com muitas viagens. Sempre caminhei e defendi com convicção as minhas ideias. Não tenho ilusões para vender. Tenho resultados para mostrar. Então vou fazer isso, que é o que todo o pré-candidato deve fazer: buscar o meu espaço. Aqui em Goiás eu tenho mais de 85% de aprovação popular. Isso extrapola a questão partidária ou ideológica. Quer dizer que quando as pessoas veem o que eu faço e sentem nas suas vidas os resultados, elas aprovam. Tenho uma longa trajetória de vida pública - e sem manchas, modéstia à parte. Sempre combati a corrupção e o mau uso do dinheiro público, a democracia e a dignidade do cidadão. O que peço, portanto, é só oportunidade de mostrar o meu currículo e os meus resultados.Pondera ir a Portugal, país com cerca de 600 mil brasileiros? E que mensagem gostaria de deixar a esses brasileiros?Não sou homem de promessas, mas sim de fazer. Chegando à presidência, a certeza que tenho é que eu vou governar para todos, independentemente de onde residam. Em Portugal temos cerca de 600 mil brasileiros e a maioria, provavelmente, mudou-se em busca de melhores oportunidades e condições de vida, portanto vou governar para que os brasileiros não sintam essa necessidade. Se quiserem emigrar ou seguir em Portugal, que o façam, com liberdade e respeito às leis portuguesas. Mas que não precisem fazê-lo por desilusão com o país de origem. A minha meta é garantir dignidade. Para aqueles que se estabeleceram em Portugal vou ouvir exigências e trabalhar para garantir que se orgulhem da sua pátria.Como avalia o governo de Lula da Silva, provavelmente seu concorrente na eleição de 2026?Eu combato o PT desde os anos 1980. O que ocorre hoje no Brasil - um misto de ignorância, mau-caratismo e incompetência - é uma tragédia anunciada. Algo parecido com o que aconteceu no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Será que a população brasileira, já tão castigada pela inflação e pelo medo da criminalidade, vai querer dar outro mandato para essa turma? Lula fez muitas promessas para ganhar em 2022, e infelizmente a população acreditou, mas ele foi incapaz de entregar resultados. A inflação continuou descontrolada e os juros subiram. Lula perdeu a interlocução com o Congresso. Tem dificuldade para nomear um ministro porque ninguém quer fazer parte desta barafunda que é o governo dele. A pouco mais de um ano das eleições, a tendência é que o governo definhe ainda mais.Todos os pré-candidatos de direita precisam da “bênção” de Jair Bolsonaro para serem competitivos? Acredita que pode vir a tê-la?Reconheço a liderança de Bolsonaro no campo da direita. Ele reergueu-a com capacidade de mobilização e liderança. Mas com essa tese de que é preciso ter o aval de A ou de B, não concordo. Todos têm o direito de buscar o seu espaço. Nunca fui candidato de “bolso de colete” nem de “barra da saia” de ninguém. O candidato tem que ter independência moral e intelectual e coragem para propor reformas e ter a competência para implementá-las. Isso não quer dizer também que não quero o eventual apoio de Bolsonaro ou de qualquer outra liderança da centro-direita. Estamos conversando e na segunda volta das eleições estaremos juntos para vencer o PT.É a favor da amnistia aos envolvidos no 8/1 que os bolsonaristas pedem? E concorda com a inelegibilidade dele?Sou a favor da amnistia. Fui uma das primeiras lideranças a posicionar-se sobre esse assunto. E é preciso dizer também que fui o primeiro governador a oferecer apoio ao governo federal para proteger Brasília quando eclodiram os atos. Não sou a favor de desordem. Mas muitas das penas aplicadas aos envolvidos são desarrazoadas. Noutros momentos da história os envolvidos em movimentos políticos, inclusive de esquerda, foram amnistiados. É preciso ter grandeza e espírito público nestes momentos. O Brasil precisa ser pacificado para voltar ao desenvolvimento em todas as esferas. Perseguir opositores não é a melhor solução. .Lula defende relação do Brasil com a Rússia e critica tarifas dos EUA em reunião com Putin.“Mulherzinha diretora do FMI”. Afinal, Lula é ou não machista?