Netanyahu demite o ministro da Defesa de Israel
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, demitiu esta terça-feira o ministro da Defesa, Yoav Gallant, informou o gabinete do líder do Governo.
Israel Katz, atualmente ministro dos Negócios Estrangeiros e que declarou António Guterres como "persona non grata", passará a ser ministro da Defesa e Gideon Sa’ar sucederá a Katz como ministro dos Negócios Estrangeiros.
"Em plena guerra, a confiança é mais que nunca necessária entre o primeiro-ministro e o seu ministro da Defesa", mas "nos últimos meses, essa confiança foi corroída", afirmou Netanyahu numa carta dirigida a Gallant, acrescentando que decidiu "nomear o ministro Israël Katz para o substituir".
"Surgiram divergências significativas entre mim e o senhor Gallant na condução da campanha [militar], acompanhadas de declarações e ações que contradiziam as decisões do Governo e do gabinete", acrescentou.
Por seu lado, o ministro demitido reagiu, na rede social X (antigo Twitter), assegurando que "a segurança de Israel tem sido e continuará a ser a missão" da sua vida.
Israël Katz, até agora chefe da diplomacia israelita - cargo que será a partir de agora ocupado por Gideon Saar, anunciou Netanyahu -, "já deu provas das suas capacidades e dos seus contributos para a segurança nacional", escreveu o primeiro-ministro para explicar a sua escolha.
Katz foi ministro das Finanças, ministro das Informações e um membro "de longa data" do Gabinete de Segurança. Com a alcunha de "bulldozer", Katz "alia a responsabilidade e a calma na resolução de problemas que são essenciais para liderar esta campanha", prosseguiu Netanyahu.
Antigo general que se tornou político, Yoav Gallant era considerado um "falcão" dentro do Governo, na condução da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, desde o sangrento ataque do movimento islamita palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 07 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra naquele enclave palestiniano.
Após mais de um ano de guerra em várias frentes, os efetivos do Exército estão sob pressão e, nos últimos meses, Gallant provocara a ira dos partidos ultraortodoxos, aliados fundamentais da coligação do primeiro-ministro, ao ordenar o recrutamento de 10.000 homens dessa comunidade religiosa em idade de cumprir o serviço militar.
Eles representam cerca de 14% da população judaica de Israel, ou seja, quase 1,3 milhões de pessoas, e cerca de 66.000 homens em idade militar beneficiam de uma isenção por se dedicarem ao estudo dos textos sagrados do judaísmo, nos termos de uma regra introduzida aquando da criação do Estado de Israel, em 1948.
Em 2018, a questão do seu recrutamento criou uma crise tal que precipitou o país para várias eleições legislativas em quatro anos, sem que o assunto tivesse ficado encerrado.