Os membros da NATO exortaram-se esta terça-feira mutuamente a não desistirem de apoiar a luta da Ucrânia contra a Rússia, numa altura em que pairam dúvidas sobre o apoio dos Estados Unidos e que a falta de apoio adequado do Ocidente possa acabar por forçar Kiev a procurar um compromisso com o presidente russo, Vladimir Putin, a partir de uma posição de fraqueza. "Temos apenas que manter o rumo. Isto também tem a ver com os nossos interesses de segurança", disse esta terça-feira o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da aliança em Bruxelas..Presente no encontro, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que estas conversações da NATO visavam "reafirmar fortemente o nosso apoio à Ucrânia enquanto esta continua a enfrentar a guerra de agressão da Rússia". Os Estados Unidos já forneceram mais de 40 mil milhões de dólares (cerca de 36,5 mil milhões de euros) em ajuda de segurança à Ucrânia desde a invasão da Rússia e comprometeram-se a apoiar Kiev durante o tempo que for necessário. No entanto, a oposição dos republicanos radicais pôs em causa o futuro da assistência dos EUA..Mas mesmo perante este cenário, Stoltenberg garantiu estar "confiante" de que os Estados Unidos continuarão a armar a Ucrânia. "É do interesse da segurança dos Estados Unidos fazê-lo e também está em linha com o que acordámos", disse..O secretário-geral da NATO apontou ainda as recentes promessas da Alemanha e da Holanda no valor de 10 mil milhões de euros como prova de que a aliança continua empenhada em apoiar Kiev. "Mesmo que a linha de frente não se tenha movido tanto, os ucranianos conseguiram infligir pesadas perdas às forças russas", lembrou..O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, também presente em Bruxelas, afirmou que "não sente qualquer pressão" dos apoiantes de Kiev para iniciar negociações com a Rússia..Alinhada com este discurso, a líder da diplomacia da Alemanha, Annalena Baerbock, defendeu que a necessidade de apoiar a Ucrânia "não tem a ver com se a Ucrânia ainda pode fazer algum progresso militar, mas sim com salvar pessoas". Já a sua homóloga francesa, Catherine Colonna, disse que Kiev está a enfrentar alguns dos ataques aéreos mais pesados desde o início da guerra. "Estamos a sublinhar o nosso apoio à Ucrânia, que obviamente deve durar a longo prazo"..Kuleba e os seus homólogos da NATO deverão chegar hoje a acordo sobre um plano de reformas destinadas a ajudar a Ucrânia a uma eventual adesão à aliança. Também em Bruxelas, esta terça-feira o Parlamento Europeu insistiu na necessidade a Ucrânia avançar no processo de adesão à União Europeia e no empenho dos 27 para apoiar o país na defesa contra a invasão russa..Este empenho surgiu, ainda esta terça-feira, através do anúncio de que a União Europeia acordou em mais do que quadruplicar os seus gastos no treino de soldados ucranianos para combater a Rússia, investindo perto de 200 milhões de euros adicionais. O bloco treinou até agora 34 mil ucranianos para a linha de frente..O financiamento agora anunciado aumenta o montante do fundo central europeu do Mecanismo para a Paz da UE para a formação em 194 milhões de euros, para 255 milhões no total, disse Bruxelas em comunicado, acrescentando que pretendem atingir o número de 40000 soldados ucranianos treinados pela União Europeia num futuro próximo..A Ucrânia e os países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) anunciaram esta terça-feira um boicote à próxima reunião ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) devido à presença do chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov..Esta reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 57 países da OSCE realiza-se amanhã e sexta-feira na Macedónia do Norte. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, vai estar presente, mas não há indicações de um encontro com Lavrov..Com agências