NATO responde ao "fogo e cólera" de Putin com apoio a leste 

Para Stoltenberg há que redobrar esforços para contrariar a "pressão russa" na Moldávia, Geórgia e Bósnia, enquanto os aliados comprometem-se com novas ajudas a Kiev.

A reunião de dois dias dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO terminou com o secretário-geral da organização a prometer apoio aos países convidados, e o secretário de Estado norte-americano a condenar a estratégia de "fogo e cólera" de Vladimir Putin, de ataque a civis. Enquanto Moscovo reivindica a tomada de povoados junto de Bakhmut, no Donbass, a Comissão Europeia quer avançar com um tribunal especial para os crimes russos.

O secretário-geral da NATO Jens Stoltenberg defendeu um fortalecimento do apoio, o quanto antes, aos "países sob pressão russa" Geórgia, Bósnia-Herzegovina e Moldávia. "Se há uma lição a tirar da Ucrânia é que precisamos de os apoiar agora", disse o norueguês no final dos trabalhos dos chefes da diplomacia dos 30 membros, acrescidos dos países referidos, e ainda dos representantes da Finlândia e da Suécia, que aguardam a ratificação da Turquia e da Hungria para se juntarem como membros de pleno direito à aliança militar.

À Reuters, o ministro estónio Urmas Reinsalu disse que "o monstro também quer assumir o controlo dos Balcãs Ocidentais", designação recente que engloba a Albânia, Bósnia, Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia e Kosovo e referindo-se à influência que Moscovo exerce na região.

Sobre a Ucrânia, que recebeu uma declaração de apoio e o anúncio de renovadas ofertas da Alemanha e Estados Unidos no primeiro dia de trabalhos, Stoltenberg voltou a falar da filiação na NATO, mas depois de na véspera ter dito que os aliados estavam a "ajudar a Ucrânia a avançar para a adesão", modulou os termos.

Jens Stoltenberg disse que "há muito entre o nada e a adesão plena", defendendo uma relação mais estreita entre a NATO e a Ucrânia.

"A tarefa mais imediata e urgente é assegurar que a Ucrânia triunfe como uma nação democrática soberana e independente na Europa", começou por afirmar. "Os aliados deixaram claro que estão prontos a sustentar o apoio com equipamento militar avançado, munições, combustível, todas as outras coisas de que precisa para se defender. Esta é a tarefa urgente, imediata e a mais importante para os aliados", prosseguiu. "Depois, temos também de compreender que há muito entre o nada e a adesão plena, o que significa que precisamos de desenvolver uma parceria cada vez mais estreita, tanto a parceria política como a parceria operacional com a Ucrânia", concluiu.

Com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano Dmytro Kuleba a pedir urgência, em especial na defesa dos céus e em equipamento para o sistema energético, muito se falou sobre a hipótese de Kiev receber o sistema Patriot. À saída de um encontro com o secretário de Estado dos EUA Antony Blinken, Kuleba disse em termos vagos ter recebido "uma série de novos compromissos" relativo a armas, transformadores e geradores, recusando dizer se os Patriot estarão nesse rol. Acabou, no entanto, por mostrar interesse no sistema antímissil da Alemanha. O chanceler alemão Olaf Scholz terá oferecido Patriots à Polónia, mas Varsóvia rejeitou e sugeriu que deveriam ir para a Ucrânia. "Estamos prontos a operá-los da forma mais segura e eficiente", disse Kuleba.

A reação russa foi rápida. "Se, como Stoltenberg sugeriu, a NATO fornecer aos fanáticos de Kiev sistemas Patriot juntamente com o pessoal da NATO, eles tornar-se-ão imediatamente um alvo legítimo das nossas forças armadas", ameaçou o ex-presidente russo Dmitri Medvedev. No terreno, as forças russas, que estão numa guerra de trincheiras em Bakhmut, afirmam ter tomado três povoações à sua volta. Kiev não reconheceu, para já, este avanço russo numa zona que está a provocar pesadas baixas em ambos os beligerantes.

Em paralelo, a presidente da Comissão Europeia propôs usar os bens russos que congelou para ajudar a compensar a Ucrânia pelos danos infligidos por Moscovo, e propôs a criação de um tribunal para julgar "o crime de agressão da Rússia", a funcionar em paralelo ao TPI. Ursula von der Leyen estimou os danos em 600 mil milhões e lembrou que a UE bloqueou 300 mil milhões das reservas do Banco Central russo e 19 mil milhões de oligarcas.

cesar.avo@dn.pt

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