Oleg Gordievsky no 'Today Show' (1990)
Oleg Gordievsky no 'Today Show' (1990)Reprodução/Youtube

Morreu Oleg Gordievsky, ex-espião da KGB que se tornou agente duplo e ajudou a evitar uma guerra nuclear

Colaborou com o MI6 e desertou para o Reino Unido em 1985, escondido na bagageira de um carro. Morreu aos 86 anos.
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A imprensa britânica confirmou neste sábado (22) a morte de Oleg Gordievsky, um dos mais importantes espiões da Guerra Fria. Gordievsky, de 86 anos, vivia em Godalming, no Reino Unido, para onde desertou ao deixar a União Soviética em 1985. As informações acerca de sua morte foram avançadas pela Sky News.

Ex-oficial do KGB e agente duplo do MI6, o russo ficou conhecido por passar informações à inteligência britânica em plena Guerra Fria, ajudando a moldar a relação entre o Ocidente e a URSS e a reduzir o possível risco de um conflito nuclear.

Embora agentes antiterrorismo estejam a acompanhar o caso, as autoridades afirmaram que "a morte não está a ser tratada como suspeita".

Gordievsky começou a sua carreira na KGB nos anos de 1960, mas foi recrutado pelo MI6 na década seguinte, depois de se desiludir com o regime soviético. Durante mais de uma década, passou informações que deram ao Reino Unido um olhar privilegiado sobre o funcionamento da KGB e o pensamento dos líderes soviéticos.

Nos anos de 1980, os seus alertas sobre o receio da URSS de um possível ataque nuclear da NATO levaram o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, a moderar a sua retórica contra Moscovo. O conhecimento que transmitiu também foi importante para orientar Margaret Thatcher, então britânica, nos primeiros contactos com Mikhail Gorbachev, que mais tarde seria o responsável pela ocidentalização do regime soviético.

Em 1985, enquanto chefiava a residência da KGB em Londres, Gordievsky foi chamado de volta a Moscovo, onde foi drogado e interrogado sob suspeita de ser um agente duplo. Ciente de que a sua vida estava em risco, o russo conseguiu enviar um sinal previamente combinado com o MI6 de forma inusitada.

De acordo com a Sky News, a operação de resgate de Gordievsky começou com um homem cruzando o seu caminho numa rua de Moscovo, segurando um saco da Harrods e comendo um chocolate Mars – uma indicação de que o plano estava em andamento. Poucos dias depois, foi extraído da União Soviética, escondido na bagageira de um carro, e levado para a Finlândia.

Condenado à morte na Rússia por traição, Gordievsky foi acolhido pelos ingleses viveu a vida sob a proteção do Reino Unido. Durante os anos seguintes, foi recebido por Thatcher e Reagan, publicou livros sobre espionagem e, em 2007, foi condecorado pela rainha Isabel II com a Ordem de São Miguel e São Jorge, a mesma distinção atribuída ao espião fictício James Bond.

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