Ministro israelita diz que Governo não tem direito a existir se não ocupar Gaza
MOHAMMED SABER/EPA

Ministro israelita diz que Governo não tem direito a existir se não ocupar Gaza

Bezalel Smotrich dirige o partido Sionista Religioso, fundamental para a coligação governamental, cujos ministros terão apelado a Netanyahu para um aumento da intensidade dos ataques a Gaza.
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O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, disse esta quarta-feira que o Governo "não tem direito a existir" se Israel não ocupar a Faixa de Gaza e estabelecer autoridade militar no enclave.

“O primeiro-ministro tem a responsabilidade final: lançar uma campanha para derrotar o Hamas, ocupar Gaza e implementar um governo militar temporário até que outra solução seja encontrada, recuperar as pessoas sequestradas e implementar o plano de [Donald] Trump, ou este Governo não tem o direito de existir”, disse Smotrich em comunicado.

Os comentários surgem depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter reunido na terça-feira à noite o gabinete de segurança do Governo para discutir o curso da guerra em Gaza e as negociações para um cessar-fogo com o Hamas.

De acordo com o diário israelita Israel Hayom, que cita fonte próxima das conversações, os ministros do partido Sionista Religioso, que Smotrich dirige e que é fundamental para a coligação governamental, apelaram para um aumento da intensidade dos ataques a Gaza.

No entanto, tanto Netanyahu como o ministro da Defesa, Israel Katz, e o chefe do exército, Eyal Zamir, são favoráveis à manutenção da atual estratégia para tentar garantir a libertação de, pelo menos, alguns reféns.

Smotrich, que sempre foi contra as negociações com o Hamas, disse, após a assinatura da trégua de janeiro, que só manteria o apoio ao Governo para garantir que Israel retomasse a guerra, o que aconteceu a 18 de março, quando o exército israelita rompeu unilateralmente o cessar-fogo.

Na segunda-feira, o ministro deixou claro numa entrevista que a recuperação dos 59 reféns, ainda nas mãos do Hamas ou aliados em Gaza, “não é o mais importante”.

Na declaração de quarta-feira, Smotrich também insistiu que deve ser Israel a controlar o fluxo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, uma ideia que o secretário-geral da ONU, António Guterres, rejeitou no início de abril, dizendo que ameaça “limitar cruelmente até à última caloria e grão de farinha”.

Hamas acusa Israel de matar 17 pessoas em bombardeamentos contra Gaza

Entretanto, a Defesa Civil palestiniana disse esta quarta-feira que pelo menos 17 pessoas morreram na sequência dos bombardeamentos israelitas contra a Faixa de Gaza efetuados nas últimas horas.

Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, organismo controlado pelo Hamas, disse à Agência France Presse que o ataque mais grave foi contra o edifício de uma escola onde se encontravam grupos de deslocados do norte da cidade de Gaza.

Na escola morreram 11 pessoas e 17 ficaram feridas, incluindo mulheres e crianças, disse Bassal.  

A mesma fonte adiantou que o bombardeamento contra o edifício escolar provocou um incêndio de grandes dimensões e que, por isso, vários corpos ficaram carbonizados.

A Defesa Civil acrescentou que, noutro local, quatro pessoas morreram e "várias estão desaparecidas sob os escombros" depois de uma bomba ter atingido uma zona residencial no leste de Gaza.

Um ataque contra uma casa em Jabalia, no norte, matou uma criança e outro ataque contra uma casa em Khan Yunhis, no sul, matou um civil, acrescentou Mahmoud Bassal.

O Exército israelita não fez qualquer comentário sobre os ataques realizados hoje de manhã.

Na terça-feira, as forças de Israel declararam ter destruído cerca de 40 máquinas de engenharia utilizadas para "fins terroristas", incluindo o ataque de 07 de outubro de 2023 contra território israelita.

O Exército israelita disse que o Hamas utiliza estes engenhos "para colocar explosivos, escavar túneis subterrâneos, romper as barreiras de segurança e limpar os escombros para encontrar armas e equipamento militar".

Israel retomou a ofensiva aérea e terrestre contra o Hamas em Gaza no passado dia 18 de março.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, pelo menos 1.890 palestinianos foram mortos desde 18 de março, elevando para 51.266 o número de mortos em Gaza desde o início da ofensiva de retaliação militar israelita.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 07 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas, na maioria civis.

Das 251 pessoas raptadas, 58 continuam reféns em Gaza, 34 das quais estão mortas, segundo o Exército de Israel.

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