Minas antipessoais mataram ou feriram 227 pessoas na Ucrânia

Estudos calculam em 26,5 milhões o número de minas antipessoais que podem permanecer armazenadas pela Rússia.

As minas antipessoais provocaram pelo menos 227 vítimas civis nos primeiros nove meses de guerra na Ucrânia, cinco vezes mais que os mortos por este tipo de arma em 2021, indica um relatório anual sobre o impacto destes artefactos.

No decurso da guerra na Ucrânia, o exército russo utilizou sete tipos diferentes de minas, indica um estudo da ONG Campanha Internacional pela Proibição das Minas Antipessoais (ICBL) e divulgado esta quinta-feira pela Human Rights Watch (HRW).

A organização não-governamental empenhada na abolição das minas confirmou que a Rússia desenvolveu e produziu este tipo de armas entre 2019 e 2021, apesar de não excluir a utilização de minas de origem soviética produzidas há mais de três décadas.

No total, os dados do estudo calculam em 26,5 milhões o número de minas deste tipo que podem permanecer armazenadas pela Rússia.

A ICBL também sublinhou a possibilidade de utilização de minas antipessoais pelas forças ucranianas durante o conflito, e que implicaria uma violação da Convenção de Otava, da qual a Ucrânia é signatária.

A Ucrânia refere ter pendente a destruição de 3,3 milhões destas minas.

Para além da Ucrânia, e de acordo com o estudo da ICBL, 69 dos Estados signatários da convenção conservam minas antipessoais nos seus arsenais.

Em junho de 2022, os Estados Unidos renunciaram ao uso, compra e produção de novas minas antipessoais, saindo da lista de países produtores deste tipo de armamento.

Entre os países que fabricam minas antipessoais inclui-se Myanmar, que com a Rússia é o principal foco de preocupação desta ONG.

O país asiático utilizou este tipo de arma de forma ininterrupta desde 1999, apesar de ter incrementado a sua utilização entre 2021 e 2022, ao utilizá-la junto a infraestruturas como torres telefónicas e gasodutos.

Nesse país as minas também provocaram vítimas civis nas proximidades de edifícios religiosos, zonas de operações militares e jazidas mineiras.

As minas antipessoais foram ainda utilizadas por grupos armados na República Centro Africana, Colômbia, República Democrática do Congo e Índia.

Segundo o relatório, 5.544 pessoas em todo o mundo sofreram ferimentos provocados pelas minas antipessoais durante o ano de 2021.

Mais de 75% das vítimas são civis, e entre estas 50% foram crianças.

A Síria foi o país com mais mortes e feridos (1.227), seguido do Afeganistão, signatário do acordo de Otava, com 1.074.

O relatório deste ano foi publicado uma semana antes do início da 20ª reunião dos Estados que integram o tratado de proibição de minas, que decorre em genebra (Suíça) entre 21 e 25 de novembro sob a presidência da Colômbia, e que pela primeira vez terá a presença dos Estados Unidos, signatários do acordo de Otava.

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