Mikhail Kavelashvili foi eleito presidente da Geórgia
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Mikhail Kavelashvili foi eleito presidente da Geórgia

Este político leal ao governo e antigo futebolista recebeu o apoio dos 224 deputados, num total de 300. Salome Zurabishvili recusa deixar o cargo por não reconhecer a legitimidade do resultado legislativo das eleições parlamentares de outubro.
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O político leal ao governo Mikhail Kavelashvili foi eleito este sábado Presidente da Geórgia, durante uma votação no parlamento que foi boicotada pela oposição, segundo a Comissão Eleitoral Central da república caucasiana.

Antigo futebolista do Manchester City, Kavelashvili, que recebeu o apoio de 224 dos 300 deputados nacionais e municipais que participaram na votação, substitui a líder da oposição Salome Zurabishvili, que se recusa a deixar o cargo por não reconhecer a legitimidade do resultado legislativo das eleições parlamentares de outubro passado.

Kavelashvili prometeu unir o país, acusando Zourabichvili de ter “insultado e ignorado” a Constituição. Acusou também a oposição de ser guiada por congressistas norte-americanos que têm “um desejo insaciável de destruir o país” e planeiam “uma revolução violenta direta” e a “ucranização da Geórgia”.

Kavelashvili é um antigo futebolista profissional que passou pelo Machester City nos anos de 1990, tendo terminado a sua carreira em 2006 no Basileia. Vestiu ainda a camisola da seleção da Geórgia (1991-2002) por 46 vezes, tendo sido impedido de se candidatar à presidência da federação de futebol georgiana em 2025 por não ter formação superior.

Kavelashvili, que era o único candidato na corrida, torna-se assim o sexto presidente na história da Geórgia desde a sua independência da União Soviética em 1991.

Nascido em 1971, é o fundador da Força Popular, um movimento que promoveu a aprovação de leis contra a influência estrangeira e as minorias sexuais que foram condenadas pela oposição e pelo Ocidente pela sua semelhança com as regras draconianas promulgadas pela Rússia para reprimir a oposição e os homossexuais.

A oposição, que se tem manifestado diariamente em Tbilissi desde que o governo congelou as negociações de adesão à UE em 28 de novembro, reuniu-se em frente ao edifício do parlamento às primeiras horas da manhã.

"Escravos" e "russos" são algumas das palavras de ordem entoadas pelos ativistas, que consideram um 'insulto' o facto de o novo chefe de Estado não ter formação superior.

Para evitar incidentes, a polícia fechou as ruas adjacentes onde os deputados entram no parlamento e instalou camiões com canhões de água.

As autoridades modificaram o mecanismo de eleição do presidente, que pela primeira vez não resultou de sufrágio universal, mas de uma votação colegial de 150 deputados e 150 delegados municipais.

Para além dos deputados, 89 dos quais do SG, podiam também participar 21 deputados do parlamento da Autonomia da Ayaria, 20 do Conselho Supremo da Abkazia no exílio e 109 delegados municipais.

O Governo tinha todas as hipóteses de ganhar, uma vez que domina o parlamento nacional e as assembleias locais. Para ser eleito, Kavelashvili precisava de 200 votos.

Em qualquer caso, Zurabishvili, que é presidente desde 2018, reiterou numa conferência de imprensa na sexta-feira à noite que não se demitirá, considerou a votação uma "farsa inconstitucional" e apelou para a continuação dos protestos.

Segundo a opositora, que considera fraudulenta a vitória eleitoral do SG nas eleições legislativas de outubro passado, não existe atualmente um parlamento legítimo no país e "um parlamento ilegítimo não pode eleger um novo presidente".

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