Michel Temer reconhece clima de ódio e diz que próximo governante deve pregar a paz
O ex-presidente brasileiro argumentou que este pacto deveria ser firmado com a oposição, os governadores eleitos, os chefes de poderes e entidades da sociedade civil para que entre a eleição e a posse se estabeleça "um grande pacto de unidade nacional para tranquilizar a harmonizar o país".
O ex-presidente brasileiro Michel Temer reconheceu à Lusa o clima de ódio que existe no Brasil e defendeu que o próximo governante, que será escolhido em outubro, deveria pregar a pacificação nacional.
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"Há uma certa agressividade verbal durante a campanha eleitoral que já se iniciou e até uma agressividade muitas vezes física, mas a sensação que tenho é que nós vamos chegar até às eleições, vamos ter eleições limpas, corretas e adequadas e quem ganhar a eleição vai assumir o país", avaliou Temer, em entrevista à Lusa, falando sobre o clima político no Brasil.
"A única coisa que eu sempre tomo a liberdade de mencionar é que aquele que assumir o país deveria desde logo fazer uma pregação e dizer: olha, nós vamos pacificar o país, não vamos olhar para trás e para isso eu quero fazer um grande pacto nacional", frisou.
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O ex-presidente brasileiro argumentou que este pacto deveria ser firmado com a oposição, os governadores eleitos, os chefes de poderes e entidades da sociedade civil para que entre a eleição e a posse se estabeleça "um grande pacto de unidade nacional para tranquilizar a harmonizar o país".
Questionado se os seus conselhos serão seguidos pelos candidatos Luís Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, que lideram as sondagens de intenção de voto sobre as presidenciais, o ex-presidente disse que não percebeu sinais de adesão à sua tese, mas acrescentou que a pacificação seria extremamente útil porque isso teria uma repercussão interna muito positiva.
"[A pacificação teria] uma repercussão internacional extraordinária, porque estou falando no exterior com vários setores empresariais que querem investir, mas querem tranquilidade no país e nós vamos precisar de investimentos externos", advogou.
Temer também frisou que para enfrentar os desafios do futuro o Brasil precisará de uma equipa económica adequada que trabalhe contra a pobreza e a miséria que são muito preocupantes no país, onde se estima que mais de 33 milhões de pessoas voltaram a passar fome e 120 milhões têm algum grau de insegurança alimentar.
"Toda a política pública tem que precisamente envolver a assistência aos mais vulneráveis em caráter permanente e [criar] meios e modos de que eles saiam desta vulnerabilidade, ou seja, que haja empreendimentos de uma maneira geradora de emprego, geradora de eventual empreendedorismo", pontuou.
O ex-presidente mostrou-se otimista e destacou ser necessário que a classe política e a sociedade façam as reformas estruturais "e ter muito otimismo, tirar esse pessimismo que tomou conta do Brasil".
"Nós temos que ter otimismo, temos que ter sabedoria e atividades conducentes ao desenvolvimento do país", defendeu.
"Eu volto a dizer que em todo lugar que eu vou, as pessoas querem investir no Brasil, desde que haja uma certa tranquilidade interna. Então eu confio muito no futuro do país", concluiu.