Líder de Taiwan confirma presença militar dos EUA na ilha
A líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, confirmou esta quinta-feira, pela primeira vez, que os EUA têm presença militar na ilha, "para treinar tropas taiwanesas", corroborando informações recentemente publicadas pela imprensa norte-americana.
Em entrevista à cadeia televisiva norte-americana CNN, Tsai destacou que há uma "ampla gama de cooperação" com os EUA para "aumentar a capacidade de defesa" de Taiwan, mas evitou especificar o número de soldados norte-americanos destacados, limitando-se a dizer que são "menos do que se acredita".
No início deste mês, o jornal "The Wall Street Journal" revelou que um destacamento formado por cerca de vinte membros das forças especiais e do Corpo de Fuzileiros Navais está destacado na ilha há pelo menos um ano para treinar o Exército local.
Na semana passada, o Presidente norte-americano, Joe Biden, declarou que os Estados Unidos "têm o compromisso" de defender militarmente Taiwan, caso a China decida atacar a ilha.
Em entrevista à CNN, Tsai afirmou ter "fé que os Estados Unidos defenderão" a ilha, perante um ataque da China.
Tsai garantiu que a ameaça de Pequim "cresce a cada dia".
Nas últimas semanas, a China aumentou as incursões aéreas perto de Taiwan, o que fez com que a tensão entre Taipé e Pequim aumentasse para o nível mais alto em quatro décadas, segundo o ministro de Defesa da ilha.
A líder de Taiwan garantiu também a sua disponibilidade para "coexistir pacificamente" e reunir com o Presidente chinês, Xi Jinping, visto que "mais comunicação ajudaria a reduzir os mal-entendidos" entre as duas partes.
Na quarta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, criticou as ações "coercivas" da China no Estreito de Taiwan, numa mensagem dirigida à cimeira de países da região do Pacífico asiático em que participa o primeiro-ministro chinês.
Biden discursou através de uma mensagem gravada em vídeo e afirmou que os EUA estão "profundamente preocupados com as ações coercivas e agressivas da China no Estreito de Taiwan", que separa a China continental daquele território insular.
A tensão na região tem crescido com a multiplicação de incursões aéreas de aviões chineses nas proximidades de Taiwan, que Pequim considera como uma província que deve ser novamente anexada, recorrendo à força se tal for necessário".
Essas ações "ameaçam a paz e a estabilidade regionais", acrescentou o presidente dos EUA na cimeira que este ano se realiza de forma virtual, devido à pandemia de covid-19, e conta com a presença do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, assim como do presidente russo, Vladimir Putin, e os líderes da Coreia do Sul e do Japão.
Na semana passada, Biden afirmou que os EUA estavam prontos para defender a ilha em caso de um ataque por parte da China e, na terça-feira, o secretário de Estado, Anthony Blinken, pediu a "participação significativa" de Taiwan nas instituições da ONU, dando origem a uma polémica com a China, que defende que o território não tem esse direito.
O secretário de Estado argumentou que Taiwan é uma "história de sucesso democrático" e um "parceiro valioso" e "amigo de confiança" dos Estados Unidos.
Biden visou ainda as ambições marítimas de Pequim, enfatizando que os EUA estão "totalmente comprometidos" com a defesa da "liberdade de navegação, das vias navegáveis abertas e da circulação comercial sem entraves, incluindo no mar da China meridional".
Na terça-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, encorajou todos os estados-membros das Nações Unidas a unirem-se a Washington "para apoiar uma coordenação forte e significativa de Taiwan em todo o sistema da ONU e na comunidade internacional".
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
O nome oficial de Taiwan é República da China.
Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.