Sob pressão do Hamas e da ala extremista do governo, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu antecipou para a manhã de terça-feira uma reunião do Gabinete de Segurança na sequência da declaração do grupo terrorista de que suspendeu a libertação de reféns alegando violações do acordo de cessar-fogo por parte de Telavive. Na segunda-feira, Netanyahu manteve consultas com as chefias da Segurança e da Defesa para discutir as consequências da decisão do grupo islamista palestiniano. O gabinete do primeiro-ministro, ao anunciar que informou as famílias dos reféns, disse que “o Estado de Israel está comprometido em respeitar o acordo”. A libertação de prisioneiros israelitas prevista para sábado foi adiada “até nova ordem”, disse o porta-voz das brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas. Abu Obeida frisou que durante as últimas três semanas foram monitorizadas as “violações do inimigo” e o seu incumprimento dos termos do acordo. “Estas violações incluem o atraso no regresso das pessoas deslocadas ao norte de Gaza, visando-as com bombardeamentos e tiros em várias áreas da Faixa de Gaza, e não permitindo a entrada de materiais de socorro em todas as formas, conforme acordado”. Em sentido contrário, afirma que o Hamas “cumpriu todas as suas obrigações”. O porta-voz acrescentou que a decisão de adiar a libertação dos prisioneiros “permanecerá em vigor até que a entidade ocupante cumpra as suas obrigações passadas e compense retroativamente”. Mas também reafirmou querer manter “o compromisso com os termos do acordo, desde que a ocupação os cumpra”.O anúncio deu-se no mesmo dia em que a delegação israelita que negociou a primeira fase do acordo saiu de Doha, Qatar, de regresso ao seu país. Ao canal Al-Mayadeen, um funcionário de uma das organizações de Gaza disse que “o Hamas acredita que Israel está a planear destruir o acordo de cessar-fogo”. De acordo com a mesma fonte, as declarações vindas de Israel sobre a segunda fase do acordo indicam a sua intenção de não chegar a um cessar-fogo permanente e completar a retirada da Faixa de Gaza, que é o que está previsto na segunda fase do acordo, além da libertação de todos os reféns. “Devemos voltar à guerra e destruir.” Foi assim que reagiu Itamar Ben Gvir, o líder do partido Otzma Yehudit. O controverso político demitiu-se de ministro da Segurança e saiu da coligação governamental na sequência do acordo de cessar-fogo.Em visita a Jerusalém e à Cisjordânia, o ministro dos Negócios Estrangeiros português salientou a importância de que o cessar-fogo se mantenha. “É, para nós, o ponto absolutamente essencial”, disse Paulo Rangel em declarações às televisões, depois de ter reafirmado junto do homólogo Gideon Saar a solução dos dois Estados..Trump reafirma ideia de retirar palestinianos de Gaza