Lavrov na ONU acusa os EUA de encobrir os "crimes de Kiev"
Na 77ª sessão da Assembleia das Nações Unidas, que está a decorrer em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, referiu-se esta quinta-feira à Ucrânia como sendo um regime totalitário. Depois do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi a vez do chefe da diplomacia russa discursar na sede da ONU, onde rejeitou as acusações do Ocidente sobre abusos de Moscovo na guerra na Ucrânia.
Sergei Lavrov considerou que a "Ucrânia transformou-se num estado totalitário, fascista", no qual "são violadas todas as normas do direito internacional". Disse que não é de estranhar, por isso, que "os batalhões nazis e o exército ucraniano recorrem a práticas terroristas, recorrendo a escudos humanos".
Acusou os países que "estão a encher a Ucrânia de armas" de prolongarem ao máximo os combates. "Isto significa envolvimento direto dos países ocidentais no conflito ucraniano, tornando-os uma parte do mesmo".
Na Assembleia Geral das Nações Unidas, Lavrov indicou que as forças russas no terreno têm de enfrentar "a máquina militar do Ocidente", e em tempo real, com recurso aos sistemas modernos de guerra.
Acusou a NATO de estar a "fornecer dados de inteligência às forças armadas da Ucrânia" e de afirmar aos soldados de Kiev que a Rússia deve perder no campo de batalha. Isto é, aliás, continuou o ministro russo, "declarado publicamente pelos representantes da União Europeia". Lavrov diz que isto "é racismo".
Disse ainda que a Ucrânia não atacou alvos militares ou estratégicos no Donbass, "apenas o povo pacífico" desta região "está a sofrer", acusou ainda Lavrov.
"Os Estados Unidos e os seus aliados, com a conivência de organizações internacionais de direitos humanos, estão encobrir há oito anos os crimes do regime de Kiev", disse Lavrov depois de terem sido relatados abusos por parte das forças russas no Conselho de Segurança.
Afirmou que o Ocidente protege Zelensky e, continuou Lavrov, como os EUA dizem: "É um bastardo, mas é o nosso bastardo".
Para o governante russo também passam "impunes" os "bombardeamentos criminosos", que atribui a Kiev, contra a central nuclear de Zaporijia, que aumentam o risco de desastre nuclear.
"Kiev deve a sua impunidade aos parceiros ocidentais", disse o chefe da diplomacia russa diante dos seus homólogos, incluindo o ucraniano Dmytro Kuleba.
Lavrov acrescentou que está "preocupado com o destino dos soldados russos feitos prisioneiros pela Ucrânia" e afirmou que "não tem confiança" no trabalho do Tribunal Penal Internacional. "Há testemunhos numerosos de crueldade" contra prisioneiros, alvo de "ações criminosas "pelos nazis ucranianos, a quem acusa de "executar soldados russos", fez notar ainda Lavrov.
O ministro russo afirmou que "nem o golpe sangrento de 2014 [na Ucrânia], nem a tragédia de Odessa no mesmo ano" foi motivo de qualquer reação do Tribunal Penal Internacional, referindo-se ao ano em que a Rússia anexou a península da Crimeia.
A decisão de lançar a operação militar especial, como Moscovo chama à guerra na Ucrânia, foi "inevitável", concluiu.