Líder Supremo do Irão Ali Khamenei
Líder Supremo do Irão Ali Khamenei EPA

Líder Supremo do Irão faz primeira aparição pública desde início da guerra com Israel

O Ayatollah Ali Khamenei marcou presença numa cerimónia fúnebre na mesquita ao lado da sua residência, na véspera do feriado xiita da Ashura. No entanto, não fez declarações públicas.
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O Líder Supremo do Irão, o Ayatollah Ali Khamenei, fez este sábado a sua primeira aparição pública desde que começou a guerra dos 12 dias com Israel, ao marcar presença numa cerimónia fúnebre, na véspera do feriado xiita da Ashura.

De acordo com a agência noticiosa norte-americana Associated Press, a televisão estatal iraniana mostrou Khamenei a acenar e a assentir com a cabeça à medida que a multidão entoava os cânticos tradicionais. Os presentes levantaram-se quando Khamenei entrou e se sentou na mesquita que fica ao lado do seu gabinete e residência em Teerão.

A ausência de Khamanei durante a guerra adensou a especulação sobre as intensas medidas de segurança a que estaria submetido. Khamanei tem a palavra final sobre todos os assuntos de Estado no Irão.

Até ao momento não há registo de que Khamenei tenha feito alguma declaração pública. Outros altos responsáveis iranianos, tal como o porta-voz do parlamento, estavam presentes no evento. Este tipo de cerimónias com a presença de elementos do regime costumam estar rodeados de fortes medidas de segurança.

Segundo a AP, Khamanei tem passado a guerra fechado num bunker, uma vez que têm aumentado as ameaças contra a sua vida.

Depois de os EUA terem bombardeado três alvos nucleares iranianos, o Presidente Donald Trump fez declarações via redes sociais a dizer que os Estados Unidos não tinham planos, “por agora”, para o matar. 

O Irão reconheceu a morte de mais de 900 pessoas na guerra, além de milhares de feridos e confirmou também danos graves nas suas instalações nucleares, negando o acesso aos locais aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica, das Nações Unidas.

Khamenei organizou uma cerimónia em memória do martírio do neto do profeta Maomé, Hussein, no século VII, numa mesquita próxima do seu escritório e residência na capital, Teerão. As autoridades iranianas, como o presidente do parlamento, estiveram presentes, e este tipo de eventos são sempre realizados sob forte segurança.

Os xiitas representam mais de 10% dos 1,8 mil milhões de muçulmanos do mundo e veem Hussein como o sucessor legítimo do profeta Maomé. A morte de Hussein em batalha às mãos dos sunitas em Karbala, a sul de Bagdad, criou uma cisão no Islão e continua a desempenhar um papel fundamental na formação da identidade xiita.

No Irão predominantemente xiita, bandeiras vermelhas representavam o sangue de Hussein e tendas e roupas funerárias pretas representavam luto. Procissões de homens a bater no peito e a autoflagelar-se demonstraram fervor. Alguns deitaram água sobre os enlutados no calor intenso.

Israel atacou o Irão a partir de 13 de junho, visando as suas instalações nucleares, sistemas de defesa, altos oficiais militares e cientistas do programa atómico. Em retaliação, o Irão disparou mais de 550 mísseis balísticos contra Israel, a maioria dos quais foram intercetados, mas os que conseguiram passar causaram danos em muitas zonas e mataram 28 pessoas.

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