Khamenei no encontro com estudantes universitários.
Khamenei no encontro com estudantes universitários.EPA/Gabinete do líder supremo do Irão

Khamenei responde a Trump: “Quando sabemos que não o vão honrar, porquê negociar?”

Presidente norte-americano mandou carta abrindo a porta a um novo acordo sobre o nuclear. Teerão rejeita ideia.
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O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, rejeitou esta quarta-feira a possibilidade de negociar um novo acordo nuclear com os EUA, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter enviado uma carta com essa proposta. “Quando sabemos que não o vão honrar, porquê negociar?”, disse Khamenei em declarações a um grupo de estudantes universitários, citadas pelos media oficiais. O líder supremo alegou ainda que o convite é apenas “uma artimanha destinada a enganar a opinião pública”.

Na semana passada, Trump revelou ter enviado uma carta a Khamenei com a proposta, tendo dito numa entrevista à Fox Business que “há duas formas de lidar com o Irão”. A primeira é “militarmente” e a segunda é através de um acordo que impeça Teerão de ter armas nucleares. A missiva foi esta quarta-feira entregue ao chefe da diplomacia iraniano, Abbas Araqchi, por Anwar Gargash, conselheiro diplomático do presidente dos Emirados Árabes Unidos e líder de Abu Dhabi, Mohamed bin Zayed Al Nahyan.

Khamenei, que falou aos estudantes praticamente à mesma hora do encontro entre Araqchi e Gargash, reiterou que a Administração de Trump fez exigências excessivas. E que negociar com os EUA “vai apertar o nó das sanções e aumentar a pressão sobre o Irão”. Foi Trump que, em 2018, durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, resolveu rasgar o acordo nuclear de 2015 - que envolvia os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além da Alemanha e da União Europeia - e reintroduzir as sanções que têm prejudicado a economia do Irão. Tudo como parte da política de “pressão máxima”.

Teerão respondeu ultrapassando os valores que estavam previstos no acordo para o enriquecimento de urânio - 3,67%, o que seria suficiente para o uso civil. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, revelou, já este mês, que o stock iraniano de urânio enriquecido a 60% já chega aos 275 quilos. Para uma bomba atómica, na qual o Irão insiste que não está interessado em desenvolver e que se estivesse não seriam os EUA a travar isso, o urânio precisa de ser enriquecido a 90%.

Antes de Khamenei, que tem a palavra final sobre tudo no Irão, já o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, tinha rejeitado negociar sob ameaça. “É inaceitável para nós que eles [os EUA] nos deem ordens e ameacem. Nem sequer vou negociar convosco. Façam o que raio quiserem”, disse Pezeshkian na terça-feira, citado pelos media estatais.

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