O líder supremo do Irão quebrou esta quinta-feira o silêncio pela primeira vez desde o cessar-fogo para felicitar os iranianos pela vitória sobre Israel e os EUA. Segundo Ali Khamenei, os norte-americanos “não conseguiram alcançar nada”, tendo entrado na guerra porque temiam que “o regime sionista” fosse “completamente destruído”. E Teerão deu-lhes uma “bofetada na cara” ao “infligir danos” na base de Al Udeid, no Qatar - isto apesar de nenhum dos mísseis ter atingido o alvo, tendo sido intercetados. A retórica vitoriosa surgiu numa mensagem em vídeo do líder supremo, que continua em parte incerta. “Acredito que, se Khamenei estivesse na nossa mira, tê-lo-íamos eliminado”, disse o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, à emissora pública Kan. “Mas Khamenei compreendeu isso, mergulhou na clandestinidade a grandes profundidades e rompeu contactos com os comandantes que substituíram os comandantes que foram eliminados”, indicou.O fim do silêncio de Khamenei, que ameaçou voltar a atacar as bases dos EUA se houver nova “agressão”, surge numa altura em que o Pentágono continua a insistir no sucesso do bombardeamento às instalações de Fordo e no fim do programa nuclear iraniano. “Destruído, derrotado, obliterado: escolham a vossa palavra. Este foi um ataque historicamente bem sucedido”, disse o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth.O antigo apresentador da Fox News teceu ainda fortes críticas aos jornalistas, por revelarem um relatório preliminar da secreta militar dos EUA sobre o bombardeamento a Fordo que dizia que o programa nuclear iraniano só tinha sido atrasado uns meses. “Está no vosso ADN e no vosso sangue torcer contra [o presidente Donald] Trump, porque não querem que ele tenha tanto sucesso. Têm que torcer contra a eficácia destes ataques, têm que torcer para que talvez não tenham sido eficazes.”O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Dan Caine, disse que a Operação Martelo da Meia-Noite “foi o culminar de 15 anos de trabalho incrível”, afirmando que desde 2009 um agente e o colega “viveram e respiraram este único alvo: Fordo”. O general deu mais pormenores sobre o uso das seis bombas “destruidoras de bunker”, alegando que os iranianos tentaram tapar com cimento os poços de ventilação das instalações (o ponto mais frágil). Mas que essa cobertura foi destruída logo. Trump reiterou esta ideia na sua rede social. “Os pequenos carros e camiões no local eram de operários de betão que tentavam cobrir a parte superior dos poços. Nada foi retirado das instalações. Levaria muito tempo, seria muito perigoso, além de ser muito pesado e difícil de mover!”, escreveu na Truth Social, referindo-se aos veículos que surgem em imagens de satélite prévias ao ataque norte-americano junto das instalações nucleares. A dúvida é não apenas se Fordo ficou ou não destruído, mas se no interior estava o material que era suposto - além das centrifugadoras, cerca de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%. Segundo o jornal Financial Times, as informações preliminares dos europeus indicam que esse urânio tinha sido retirado antes. Hegseth não concorda: “Não tenho conhecimento de nenhuma informação que tenha analisado que diga que as coisas não estavam onde deveriam estar.”Questionado mais tarde sobre se partilhava a ideia de que o programa nuclear iraniano tinha sido “obliterado”, o general Caine esquivou-se, dizendo apenas que “não damos nota aos nossos próprios trabalhos de casa”.