Kaja Kallas. A dama de ferro da Estónia vence eleições parlamentares
O Partido da Reforma da primeira-ministra estónia Kaja Kallas garantiu o primeiro lugar nas eleições parlamentares, resultado que deverá permitir uma coligação na continuidade das políticas a favor de Kiev.
Com 100% de votos contados, o partido liberal de Kallas obteve 31,2%, um aumento de 2,3 pontos em relação às eleições anteriores, de 2019. Em segundo lugar ficou o partido populista EKRE, com 16,1%. Apesar de o líder deste partido, Martin Helme, ter tentado capitalizar com o aumento do custo de vida na sequência da guerra da Rússia na Ucrânia (a inflação atingiu 18,6% em janeiro) e com o apoio militar a Kiev, na verdade o EKRE caiu, ainda que ligeiramente (1,7 pontos).
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A afluência às urnas foi de 63,7%, em linha com as eleições anteriores, e com mais de metade dos votos expressos pela internet. Destaque para a entrada no parlamento de outra formação liberal, Estonia 200, que com 13,3% ficou em quarto, a dois pontos de distância de outro partido da mesma família, o Partido do Centro.
Kallas, de 45 anos, deverá ter condições para liderar uma coligação que irá aprofundar a visão pró-europeia e de apoio irredutível a Kiev por parte da nação báltica. Ao reagir aos resultados, Kallas disse que as eleições deixaram o seu partido numa posição forte para formar um governo de coligação. E entre as suas prioridades está um contínuo apelo para a pressão sobre a Rússia.
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"Nós temos de investir na nossa segurança. O nosso vizinho agressivo não desapareceu nem desaparecerá, por isso temos de trabalhar com isso", disse aos jornalistas num hotel em Taline, onde os apoiantes do partido se reuniram.
O Partido da Reforma ganhou as eleições em 2019, mas na altura três partidos mais pequenos coligaram-se para formar um governo, o qual se desmoronou em 2021, permitindo a Kallas criar uma coligação e assumir o comando.
Desde então, Kallas, mostrou-se como uma firme apoiante da Ucrânia e voz muito crítica de Moscovo. Kallas tem memórias da União Soviética - e não são boas. A sua mãe foi deportada para a Sibéria com a avó e a bisavó. Em 1988, numa visita à Alemanha Oriental, o pai disse-lhe para respirar o "ar da liberdade" que vinha de Berlim Ocidental.
Desde o início da invasão, Kallas tem mantido um discurso coerente e inflexível em relação ao regime de Putin. Criticou abertamente o presidente francês Emmanuel Macron por este ter mantido longas conversas telefónicas -- sem resultados e ainda recentemente disse que a guerra irá terminar quando a Rússia compreender que perdeu.
Pela sua comunicação determinada e sem concessões, já foi chamada de "dama de ferro", tal como a antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.