“Jeans” ou “genes”? Campanha publicitária com Sydney Sweeney gera onda de críticas
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“Jeans” ou “genes”? Campanha publicitária com Sydney Sweeney gera onda de críticas

Atriz e marca American Eagle alvo de fortes críticas devido ao trocadilho entre as palavras inglesas "jeans" (calças de ganga) e "genes" (traço genético) no anúncio, o que resgata fantasmas de eugenia
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“Ela tem uns ótimos jeans.” Ou será uns ótimos genes? A mais recente campanha publicitária da American Eagle, protagonizada pela atriz norte-americana Sydney Sweeney, tornou-se alvo de fortes críticas nas redes sociais e na imprensa internacional devido ao trocadilho entre as palavras inglesas "jeans" (calças de ganga) e "genes" (traço genético). A associação feita no anúncio tem levado a marca e a atriz a serem acusadas de promoverem ideias associadas à eugenia, racismo e objetificação feminina.

A campanha apresenta Sydney Sweeney — uma das beldades do momento em Hollywood, loira, de olhos azuis, com um corpo dentro dos padrões convencionais de beleza — em poses sensuais, enquanto afirma: Os genes são passados de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até mesmo a cor dos olhos. Os meus genes são azuis.” Pouco depois, o narrador acrescenta: Ela tem uns ótimos jeans.”

As críticas não se fizeram esperar, apontando o duplo sentido das palavras que acompanham a imagem altamente erotizada da atriz e que podem ajudar a resgatar valores eugenistas, com a ideia de que determinadas características genéticas – pele branca, olhos claros, um corpo específico - são mais desejáveis.

Para alguns críticos, o anúncio remete para teorias eugénicas historicamente ligadas ao racismo, como destacou a especialista Robin Landa à revista norte-americana Newsweek: “A expressão já foi central na ideologia eugénica americana, usada para justificar políticas como a esterilização forçada.”

A frase “os meus genes são azuis” também foi associada à expressão “sangue azul”, historicamente usada para distinguir a nobreza europeia do resto da população.

Além das acusações de eugenia e racismo, a campanha também está a ser apontada como machista, em contradição com a mensagem “social” que a marca afirma defender. A American Eagle anunciou que todos os lucros da venda do modelo “The Sydney Jean” seriam doados a uma instituição de apoio à saúde mental e à prevenção da violência doméstica, causa que a atriz diz apoiar.

Apesar das críticas — ou talvez impulsionado por elas —, o impacto financeiro da campanha foi notório. De acordo com a Vanity Fair, as vendas da American Eagle aumentaram 10% desde o lançamento da publicidade, com uma receita de cerca de 200 milhões de dólares (cerca de 174 milhões de euros).

A marca e a atriz ainda não se pronunciaram sobre a controvérsia.

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