Militares israelitas durante a operação militar em Tulkarem, no norte da Cisjordânia.
Militares israelitas durante a operação militar em Tulkarem, no norte da Cisjordânia.JAAFAR ASHTIYEH / AFP

Israel prossegue operação na Cisjordânia sob críticas da ONU e UE

Mortos ascendem a 16, incluindo comandante militar da Jihad Islâmica. MNE israelita e chefe da diplomacia europeia em confronto de palavras. Em Gaza, Telavive dá luz verde a campanha de vacinação acompanhada de pausas humanitárias, a começar no domingo.
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 O chefe da diplomacia europeia e o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita envolveram-se numa guerra de palavras enquanto Israel continuou pelo segundo dia na Cisjordânia ocupada, apesar dos apelos do secretário-geral da ONU. Na Faixa de Gaza, um alívio de oito horas está previsto para domingo e pelo menos mais dois dias, altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) vai levar a cabo uma campanha de vacinação.

A organização islamista Hamas disse estar recetiva a cooperar depois de Israel ter concordado com a OMS para que esta realize uma campanha de vacinação contra a poliomielite. Segundo as informações adiantadas por Rik Peeperkorn, o representante da organização das Nações Unidas para a Palestina, há acordo para os trabalhos sanitários iniciarem no centro do enclave no domingo às 6h00 e terminarem às 15h00, acompanhados de uma pausa na guerra, repetindo-se pelo menos por mais dois dias. As condições insalubres e a falta de vacinação formaram um caldo para que aparecesse o primeiro caso de poliomielite em Gaza em 25 anos, num bebé de 10 meses. 

A operação militar na Cisjordânia levou à morte de um comandante da Jihad Islâmica e de seis outras pessoas, num total de pelo menos 16 palestinianos. Segundo um comunicado das forças israelitas, a “operação antiterrorista” no campo de refugiados de Tulkarem levou à morte de Muhammad Jaber, conhecido como Abu Shujaa, comandante da Jihad Islâmica, e de outros quatro. O porta-voz dos militares israelitas, Nadav Shoshani, acusou Jaber de “incitar” jovens palestinianos a executar ataques contra israelitas. Em conferência de imprensa reportada pela AFP, Shoshani disse que Jaber foi morto durante “uma importante troca de tiros” entre as forças israelitas e “terroristas armados escondidos” numa mesquita de Tulkarem. No entanto, à mesma agência, o governador de Tulkarem, Mustafa Taqatqa, negou a versão israelita. “Um foguete foi disparado contra uma casa e os jovens não estavam na mesquita”, disse Taqatqa.

Além desta operação, o exército israelita disse ter morto dois “terroristas” em Jenin. Ainda segundo as forças israelitas, durante as operações que envolveram duas brigadas do exército, auxiliados por helicópteros, drones e retroescavadoras, foram detidos mais de “dez indivíduos procurados, destruídos dezenas de engenhos explosivos e confiscadas armas”. 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou “a perda de vidas, incluindo a de crianças” e apelou à “cessação imediata destas operações”, as quais fizeram soar os alarmes depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ter escrito que a incursão na Cisjordânia deve ser vista como uma “guerra em todos os sentidos”, o que inclui a “retirada temporária de civis palestinianos”. No dia seguinte, Katz acusou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, de uma “mentira descarada” por este tê-lo acusado de tentar “deslocar pessoas da Cisjordânia”. Borrell também sugeriu que a UE deve sancionar os ministros israelitas que “lançam mensagens de ódio” aos palestinianos.

A guerra na Faixa de Gaza levou à morte de mais 30 pessoas em vários locais do enclave, no dia em que familiares dos reféns levados pelo Hamas em 7 de outubro tentaram entrar no território, uma ação simbólica para chamar a atenção sobre a urgência de um acordo para a libertação dos 107 cativos.

cesar.avo@dn.pt

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