Quase mil pilotos israelitas - a grande maioria veteranos que já não estão no serviço ativo - assinaram uma carta a pedir que o governo dê prioridade à libertação dos últimos reféns nas mãos do Hamas, mesmo que isso signifique acabar com a guerra na Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) já indicaram que vão afastar os pilotos envolvidos que ainda podiam ser chamados a prestar serviço, alegando que estes não podem usar a “marca” da Força Aérea israelita com fins políticos. A carta, publicada em vários meios israelitas, não pede uma recusa geral ao serviço - como chegou a ser noticiado - mas insta o governo a dar prioridade aos reféns. E alega que a continuação da guerra só “serve interesses políticos e pessoais” e não a segurança nacional. As IDF consideram a carta “uma séria violação da confiança entre os comandantes e os subordinados”, indicando que é impossível os envolvidos continuarem a participar nos combates.O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoiou o afastamento dos envolvidos, alegando que “declarações que enfraquecem as IDF e fortalecem o nosso inimigo em tempo de guerra são imperdoáveis”. Para Netanyahu em causa está um “grupo marginal barulhento”, que tem como objetivo derrubar o governo e “não representa os militares nem o público israelita”. Um dos primeiros signatários da carta, Guy Poran, disse esta quinta-feira numa conferência de imprensa que a questão transformou-se “em algo maior e mais dramático” do que esperavam. “O tema não é a Força Aérea ou os pilotos, mas os 59 reféns que deviam ter sido libertados há um tempo. Nós, como a maioria da nação, acreditamos que deviam ser devolvidos agora, mesmo que o preço seja acabar com a guerra”, acrescentou. No ataque do 7 de outubro de 2023, em que morreram cerca de 1200 pessoas, o Hamas fez 251 reféns. Outros quatro já estavam há anos no enclave palestiniano. Um primeiro grupo foi libertado logo em novembro de 2023, numa primeira trégua, com um segundo grupo a recuperar a liberdade já no início deste ano. Mas Israel acabaria por romper o cessar-fogo, depois de ambas as partes não terem chegado a acordo para prolongar a primeira fase de trégua, tendo as IDF intensificado as operações militares. Israel diz que vai continuar até os últimos 59 reféns (35 deles declarados mortos) serem libertados, mas o Hamas diz que isso só acontecerá com um acordo para o fim permanente da guerra.