Hillary Clinton ataca Trump e o secretário da Defesa: "Quão mais estúpido é que isto vai ficar?"
Hillary Clinton não aguentou mais. O escândalo das mensagens trocadas entre os altos funcionários da administração Trump, partilhados com o diretor executivo da revista The Atlantic, e a reação ao sucedido levaram a antiga chefe da diplomacia e candidata presidencial em 2016 a escrever um texto no The New York Times. Neste, não só aponta para a "estupidez" do secretário da Defesa como não deixa pedra sobre pedra dos primeiros meses de Trump 2.0.
"Não é a hipocrisia que me incomoda; é a estupidez. Estamos todos chocados -- chocados! -- que o presidente Trump e a sua equipa não se preocupem com a proteção da informação confidencial ou com as leis federais de preservação de registos. Mas isso já nós sabíamos", começa Clinton. "O que é muito pior é que altos funcionários da administração Trump colocaram as nossas tropas em perigo ao partilhar planos militares numa aplicação comercial de mensagens e ao convidar involuntariamente um jornalista para a conversa. Isso é perigoso. E é simplesmente estúpido."
Na troca de mensagens em que o jornalista Jeffrey Goldberg foi incluído, o secretário da Defesa Pete Hegseth, o secretário de Estado Marco Rubio ou o conselheiro de segurança Mike Waltz, entre outros funcionários, detalharam as operações contra alvos houthis no Iémen.
Depois, Hillary Clinton elenca algumas das medidas tomadas, de despedimentos nas forças militares e de segurança ao desmantelamento da agência de ajuda internacional (USAID) e diz que tal é "igualmente burro". Recorda que, enquanto secretária de Estado durante a presidência de Barack Obama, advogou pelo soft power, a combinação de iniciativas da diplomacia, ajuda ao desenvolvimento, poder económico e influência cultural em paralelo ao hard power do poderio militar. "Nenhum destes instrumentos pode fazer o trabalho sozinho. Em conjunto, fazem da América uma superpotência. A abordagem de Trump é um poder burro. Em vez de uma América forte que utiliza todos as suas forças para liderar o mundo e confrontar os seus adversários, a América do sr. Trump será cada vez mais cega e errática, débil e sem amigos", sentencia.
Depois de pormenorizar sobre o desinvestimento abrupto, que considera ser um erro estratégico, Clinton lamenta "os danos que o sr. Trump está a causar ao aproximar-se de ditadores como o russo Vladimir Putin", em particular a destruição das alianças, "multiplicadores de forças que alargam" o alcance e partilham os fardos com os EUA, além de "destruir" a "influência moral ao minar o estado de direito" no país. Conclui: "As pessoas e os líderes de todo o mundo estão atentos para ver se a democracia ainda pode proporcionar paz e prosperidade ou sequer funcionar. Se a América for governada como uma república das bananas, com corrupção flagrante e um líder que se coloca acima da lei, perdemos esse argumento."
O Partido Democrata ainda não conseguiu reagir à derrota nas eleições presidenciais e, sobretudo, ao furacão Trump. Há dias, os senadores democratas tiveram a hipótese de obrigar a administração a negociar os projetos de lei de financiamento federal para impedir o organismo controlado por Elon Musk de confiscar quaisquer fundos mandatados pelo Congresso. No entanto, preferiram simplesmente aprovar o financiamento para evitar o encerramento dos serviços (shutdown) sem tentar extrair concessões. Os rostos da oposição têm sido o independente Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, ambos da ala esquerda. Ambos têm andado a percorrer os estados em comícios que têm atraído multidões, sob o tema "Lutar contra a oligarquia".