Hamas recusa negociações após “massacre” em Al-Mawasi
EPA/MOHAMMED SABER

Hamas recusa negociações após “massacre” em Al-Mawasi

Bombardeamento provocou mais de 92 mortos e 300 feridos. Dos dois “alvos” do Hamas na mira de Israel só um foi abatido.
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Mohammed Deif, líder das Brigadas Al-Qassam, não morreu. Escapou à oitava tentativa de assassinato desde 2001. Rafa Salameh, comandante da brigada do Hamas em Khan Yunis, e também um dos responsáveis pelo ataque terrorista de 7 de outubro contra Israel e outro dos alvos da operação militar, foi morto no bombardeamento de sábado Al-Mawasi, garantiram fontes militares israelitas à AFP.

Al-Mawasi, perto das cidades de Khan Yunis e Rafah, tinha sido declarada em maio como zona humanitária “segura” pelos militares israelitas. 

O bombardeamento, diz o Governo de  Israel, foi contra um “complexo operacional” numa “área aberta”, que abrigava Mohammed Deif e  Rafa Salameh, com base “em informação fiável dos serviços secretos”. 

Segundo o Hamas, Mohammed Deif, apesar do ataque, continua no terreno a “supervisionar diretamente as operações” e o novo passo será a retirada nas negociações devido ao “massacre”.  Smail Haniyeh, um dos líderes políticos do movimento, que está no Qatar, justifica a “suspensão” anunciada com a “falta de seriedade” de Israel e com os contínuos “massacres contra civis desarmados”.

O Hamas, garante, aceita “retomar as negociações” assim que o Governo de Israel demonstrar “seriedade” para se chegar a um “cessar fogo” e assim efetivar a “troca de prisioneiros”. Fontes israelitas, pelo seu lado, disseram à AFP que os ataques contra as lideranças do Hamas vão continuar, sem que parem as negociações para libertar reféns. 

O bombardeamento de sábado causou pelo menos 92 mortos e mais de 300 feridos. O ataque do Hamas contra Israel a 7 de outubro do ano passado causou, segundo informação do estado israelita, 1.195 mortos, a maioria civis. 250 foram raptados. A ofensiva militar de resposta já terá causado quase 39 mil mortos e 88 mil feridos, segundo os dados do ministério da Saúde de Gaza. 

A Faixa de Gaza é controlada pelo Hamas desde 2007, quando o grupo islamita assumiu o poder após ganhar as eleições legislativas um ano antes, afastando a Fatah, da Autoridade Palestiniana. 

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, já condenou o ataque israelita, mas também responsabilizou o Hamas pela continuação da guerra.

“A presidência considera que o Hamas - ao impedir a unidade nacional e proporcionar pretextos gratuitos ao Estado ocupante - é um parceiro que assume a responsabilidade jurídica, moral e política pela continuação da guerra de aniquilação israelita na Faixa de Gaza, com todo o sofrimento, destruição e morte que causa ao nosso povo”, afirmou. 

Mahmoud Abbas considera o ataque israelita à zona humanitária de  Al-Mawasi “um massacre horrível”.

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