Hamas denuncia "perigosa escalada" após ataque a escola que fez 93 mortos. UE e Reino Unido "horrorizada"
O movimento islamita Hamas, que detém o poder na Faixa de Gaza, referiu-se este sábado a "uma perigosa escalada" da guerra conduzida pelo Exército israelita no território palestiniano, após o ataque contra uma escola que provocou pelo menos 93 mortos.
"O massacre na escola de Al-Tabi'een (...) é um crime horrível que representa uma perigosa escalada", declarou o Hamas em comunicado.
Este foi um dos ataques com maior número de mortos desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita.
A Proteção Civil da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita palestiniano Hamas, disse hoje que um ataque lançado por Israel contra uma escola na cidade de Gaza matou pelo menos 93 pessoas.
"O número de mortos é agora de 90 a 100 e há dezenas de feridos adicionais" na escola Al-Tabai'een, no setor Al-Sahaba na cidade de Gaza, disse à agência de notícias France--Presse (AFP) o porta-voz da Proteção Civil, Mahmoud Basal.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram ter "atacado com precisão os terroristas do Hamas que operavam dentro de um centro de comando e controlo do Hamas localizado na escola Al-Tabai'een".
O centro de comando e controlo serviu de "covil para terroristas e comandantes do Hamas", a partir do qual foram planeados e preparados vários ataques contra o exército israelita, disseram as IDF, em comunicado.
De acordo com a imprensa controlada pelo Hamas, a escola, situada junto a uma mesquita no bairro de Daraj Tuffah, acolhia cerca de 250 pessoas deslocadas, mais de metade das quais eram crianças e mulheres.
Borrell diz que UE está "horrorizada" com ataque israelita
A União Europeia (UE) está "horrorizada" com o ataque israelita à escola de Gaza.
"Horrorizados com as imagens de uma escola em Gaza atingida por um ataque israelita, que terá feito dezenas de vítimas palestinianas", escreveu na rede social X o alto representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell.
O responsável comentou que "pelo menos 10 escolas foram alvo de ataques nas últimas semanas" e sublinhou: "Não há justificação para estes massacres".
"Estamos consternados com o terrível número total de mortos. Mais de 40.000 palestinianos foram mortos desde o início da guerra", lamentou.
Também o Reino Unido disse estar "horrorizado" com o ataque mortal israelita a uma escola islâmica em Gaza, apelando a "um cessar-fogo imediato".
"O Hamas tem de deixar de pôr em perigo os civis. O Hamas tem de deixar de pôr em perigo os civis e Israel tem de respeitar o direito internacional humanitário", afirmou o chefe da diplomacia, David Lammy, na rede social X. "Precisamos de um cessar-fogo imediato para proteger os civis, libertar todos os reféns e acabar com as restrições à ajuda", acrescentou.
Turquia acusa Israel de cometer "novo crime contra a humanidade"
O Governo turco denunciou um "novo crime contra a humanidade" de Israel.
"Israel cometeu um novo crime contra a humanidade ao massacrar mais de uma centena de civis que se tinham refugiado numa escola", escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, condenando, "mais uma vez", a vontade do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de "sabotar as negociações para um cessar-fogo".
"Este ataque mostra mais uma vez que o Governo de Netanyahu quer sabotar as negociações sobre um cessar-fogo permanente", considerou.
"Os atores internacionais que não tomam medidas para impedir Israel são cúmplices destes crimes", acrescentou o Governo turco.
Países árabes condenam ataque
O Egito, a Jordânia e a Arábia Saudita condenaram o bombardeamento israelita contra a escola Al Tabaín.
"O Egito condena nos termos mais veementes o bombardeamento israelita contra a escola Al Tabain, que abriga pessoas deslocadas no bairro de Al Daraj, a leste da cidade de Gaza, que matou mais de 100 palestinianos e feriu dezenas", escreveu o Ministério das Relações Exteriores egípcio num comunicado.
Na nota, o Egito considerou que "a continuação da prática destes crimes em grande escala e o assassinato deliberado de elevado número de civis desarmados, cada vez que os esforços dos mediadores para tentar chegar a uma fórmula de cessar-fogo se intensificam na Faixa, é conclusivo, provando a ausência de vontade política de Israel para acabar com esta guerra feroz".
Também o Ministério das Relações Exteriores da Jordânia condenou o ataque, que definiu como "uma flagrante violação das normas do direito internacional" e criticou a "ausência de uma posição internacional firme que impeça a agressão israelita e obrigue o país a respeitar o direito internacional".
A Jordânia considerou este novo ataque israelita como mais uma prova do seu interesse em obstruir e frustrar os esforços dos mediadores que procuram retomar as negociações sobre um acordo de intercâmbio que conduziria a um cessar-fogo permanente.
Noutra declaração, a Arábia Saudita também denunciou "que a comunidade internacional não conseguiu responsabilizar Israel pelos resultados destas violações", que representam "assassinatos em massa na Faixa de Gaza".
Qatar pede investigação internacional
O Qatar, que desempenha o papel de mediador entre Israel e o Hamas, pediu uma "investigação internacional urgente" ao ataque contra a escola em Gaza que fez 93 mortos, segundo a Defesa Civil do território palestiniano.
Em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar solicitou "o envio de funcionários independentes da ONU para investigar o ataque contínuo das forças de ocupação israelitas contra escolas e abrigos para as pessoas deslocadas".
O Hamas lançou em 07 de outubro de 2023 um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, que causou a morte de mais de 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da agência de notícias France-Presse, baseada em números oficiais israelitas.
Cerca de 240 pessoas foram raptadas e levadas para Gaza, segundo as autoridades israelitas. Destas, perto de cem foram libertadas no final de novembro, durante uma trégua em troca de prisioneiros palestinianos, e 132 reféns continuam detidos no território palestiniano, 28 dos quais terão morrido.
Em resposta ao ataque, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.