Equipas de resgate lutam para encontrar sobreviventes do terremoto

Mais de mil pessoas morreram e 1.500 ficaram feridas, na quarta-feira de madrugada, no sismo de magnitude 5,9 na escala aberta de Richter.
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As equipas de emergência tentam esta quinta-feira socorrer as vítimas do terremoto que deixou pelo menos 1.000 mortos no sudeste do Afeganistão, em condições adversas pela falta de recursos, o terreno montanhoso e as fortes chuvas.

O terremoto de 5,9 graus de magnitude aconteceu na madrugada de quarta-feira numa região rural pobre e de difícil acesso, perto da fronteira com o Paquistão.

Este sismo acontece depois da saída de muitas agências de ajuda internacional do Afeganistão, devido à retirada dos militares dos Estados Unidos e da NATO e à tomada de poder pelos talibãs, em 15 de agosto do ano passado

O desastre vai agravar o cenário de crise económica e alimentar que o país, com 38 milhões de habitantes, atravessa.

Este foi o terremoto com o maior número de vítimas no Afeganistão em mais de duas décadas. Pelo menos 1.000 pessoas morreram e 1.500 ficaram feridas apenas na província de Paktika, a mais afetada, segundo as autoridades.

Teme-se um número de mortos ainda maior porque muitas pessoas continuam presas sob os escombros das casas.

"É muito difícil obter informações a partir da região devido à má rede telefónica", declarou à AFP Mohammad Amin Huzaifa, secretário de Informação e Cultura de Paktika.

O acesso é difícil porque a "região foi afetada durante a noite por inundações provocadas por fortes chuvas", que também provocaram deslizamentos de terra que atrasaram os trabalhos de resgate e afetaram as linhas telefónicas e de energia elétrica, acrescentou este responsável.

O governo talibã mobilizou o exército, apesar dos recursos financeiros muito limitados após o congelamento de ativos no exterior e da interrupção da ajuda internacional ocidental, que apoiou o país durante 20 anos.

O secretário-geral das Nações Unidas manifestou tristeza pelo "terramoto mortífero" que atingiu o leste do Afeganistão.

"Fiquei triste ao saber da trágica perda de vidas causada pelo terramoto que atingiu o Afeganistão", lamentou António Guterres, num comunicado divulgado pelo gabinete do secretário-geral da ONU.

"Centenas de pessoas foram mortas e feridas, e esse número trágico pode continuar a aumentar", disse o português.

Guterres garantiu que "está com o povo do Afeganistão, ainda a recuperar do impacto de anos de conflito, dificuldades económicas e fome".

"Transmito as minhas mais profundas condolências às famílias das vítimas e desejo uma rápida recuperação aos feridos", acrescentou.

O secretário-geral salientou que a ONU está "totalmente mobilizada" e que as equipas no Afeganistão estão no terreno a avaliar "necessidades e a fornecer apoio inicial".

Diversos organismos, entre os quais a Organização Mundial da Saúde (OMS), começaram a enviar equipas de saúde móveis para as províncias de Paktika e Khost.

"Contamos com a comunidade internacional para ajudar a apoiar as centenas de famílias afetadas por este mais recente desastre. Agora é a hora da solidariedade", acrescentou Guterres.

O coordenador humanitário da ONU no Afeganistão, Ramiz Alakbarov, sublinhou que a agência "está a analisar as necessidades e a responder às consequências do sismo".

O primeiro-ministro do Afeganistão, Mohammad Hassan, anunciou hoje uma ajuda de mil milhões de afeganis (dez milhões de euros) para as vítimas do terramoto de quarta-feira, no qual morreram mais de mil pessoas.

Numa reunião de emergência no Palácio Presidencial de Cabul, Hassan enviou ainda condolências às famílias afetadas, noticiou o jornal The Kabul Times.

O primeiro-ministro ordenou ainda às autoridades que adotem medidas urgentes para enviar alimentos, roupas, medicamentos e outros materiais necessários aos afetados pelo sismo.

Um dos porta-vozes do regime talibã, Mohammad Naeem, indicou na rede social Twitter que um avião vindo do Qatar e dois vindos do Irão, todos carregados com ajuda humanitária, chegaram a Cabul na noite de quarta-feira.

A União Europeia (UE) pediu na quarta-feira "assistência internacional" para o Afeganistão, após o terramoto que causou mais de mil mortos no país liderado desde agosto pelos talibãs, assegurando que irá ajudar aqueles que mais precisam.

"O terramoto ocorre num momento em que o país continua a enfrentar uma das piores crises humanitárias do mundo, com grandes necessidades humanitárias, deslocamentos e uma grave crise alimentar", alertaram o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o comissário europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic, em comunicado conjunto.

No primeiro boletim dedicado ao sismo de magnitude 5,9 na escala de Richter, o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU indicou que "tendo em conta as chuvas abundantes e o frio, incomuns nesta estação, os abrigos de emergência são uma prioridade imediata".

A população precisa igualmente de cuidados de emergência, ajuda alimentar e não-alimentar, e assistência em matéria de serviços de água, higiene e saneamento.

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