Governo dos EUA pondera 'reality show' para imigrantes garantirem cidadania americana
É mais uma capítulo da história da segunda administração Trump: o Departamento de Segurança Interna está a considerar a possibilidade de participar num programa de televisão, ao estilo 'reality show', no qual imigrantes teria de ultrapassar uma série de desafios para obterem a cidadania americana. As provas seriam desenhadas de acordo com tradições e hábitos americanos, referiu Tricia McLaughlin citada pelo The New York Times.
A ideia, apresentada pelo produtor Rob Worsoff está a ser analisada pela administração Trump. “A proposta era, em geral, uma celebração do facto de se ser americano e do privilégio que é poder ser cidadão dos Estados Unidos da América”, referiu McLaughlin. “É importante reavivar o dever cívico”. Na mesma ocasião, a porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DSI) referiu que a orgnaização está disposta a analisar “propostas inovadoras”, especialmente as que celebram “o que significa ser americano”. Esta possibilidade foi, inicialmente, avançada pelo The Daily Mail e mais tarde confirmada pelo DSI.
O produtor responsável por esta ideia, Rob Worsoff, que tem dupla cidadania – canadiana e norte-americana – admitiu que se lembrou disto, pela primeira vez, quando tratava do seu próprio processo de naturalização. Segundo o próprio Worsoff, em declarações ao The New York Times, os imigrantes deste potencial programa terão de competir em vários estados, e ultrapassar provas que podem ir desde saber onde fica a NASA até à montagem e lançamento de um foguetão. Desafios relacionados com cultura e direitos civis norte-americanos também estão a ser considerados.
Precisamos de ser recordados do orgulho e da honra que é ser americano
Rob Worsoff, produtor de televisão
O vencedor do programa garantiria a nacionalidade norte-americana, e terminaria, precisamente, com o juramento do vencedor, eslcareceu Worsoff. “Precisamos de ter uma conversa nacional sobre o que significa ser americano”, disse ele. “Precisamos de ser recordados do orgulho e da honra que é ser americano”, continuou. No mesmo sentido, esclareceu o produtor, nenhum candidato - ou jogador, no caso – seria penalizado (ou deportado) durante o seu processo de imigração. Aliás, refere que se acontecesse seria “um contra-senso, porque o que vai acontecer [com o programa] é que vamos conhecer estas pessoas, as suas histórias e as suas viagens, e vamos celebrá-las como seres humanos”, salientou. “Estamos a dar um rosto a estas pessoas, ao seu percurso”.
A proposta era, em geral, uma celebração do facto de se ser americano e do privilégio que é poder ser cidadão dos Estados Unidos da América
Tricia McLaughlin, porta-voz do DSI
Na mesma ocasião Worsoff revelou que já tinha apresentado esta ideia ao DSI em 2012, mas que só agora a organização parece estar a dar-lhe crédito. Recorde-se que, durante este segundo mandato de Donald Trumpl, o DSI tem estado particularmente focado em usar a publicidade e programas deste género TV para mostrar as políticas de imigração de linha dura do Presidente Trump. No entanto, esclareceu McLaughlin, a proposta ainda não terá chegado à chefe do Departamento, Kristi Noem. Numa publicação nas redes sociais, a porta-voz do DSI salientou que a instituição “recebe centenas de propostas de programas de televisão por ano”, incluindo documentários sobre operações transfronteiriças e investigações sobre crimes de colarinho branco. “Cada proposta é submetida a um processo de verificação minucioso antes de ser recusada ou aprovada”, justificou McLaughlin.
Mas, tendo em conta que já em 2017 o DSI permitiu que alguns realizadores de documentários tivessem acesso alargado às operações conduzidas pelos funcionários da Immigration and Customs Enforcement para um programa chamado “Immigration Nation” e o gosto particular do presidente norte-americano pelo estilo de programas – recorde-se 'O Aprendiz', que o tornou famoso – é muto provável que a proposta de Worsoff consiga chegar às mais altas instâncias da Casa Branca com relativa celeridade.