Alexandre Bompard, CEO global do grupo, começou a polémica.
Alexandre Bompard, CEO global do grupo, começou a polémica.Bertrand GUAY / AFP

Governo brasileiro rebate acusações de CEO do Carrefeour sobre qualidade das carnes

Nota conjunta do MNE brasileiro e do Ministério da Agricultura foi enviada ao DN pela Embaixada do Brasil de Lisboa.
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O Governo do Brasil manifestou-se oficialmente sobre as acusações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, sobre a qualidade da carne brasileira. De acordo com nota do Itamaraty (MNE brasileiro), as afirmações de Bomparde "contém desinformação e ataca a qualidade de produtos brasileiros" e que "o governo brasileiro se manterá vigilante na defesa da imagem do País e da sua produção, em coordenação com o setor privado".

A carta foi enviada ao DN pela Embaixada do Brasil em Lisboa. A mensagem está a ser difundida por todas as repartições diplomáticas no mundo. O documento é assinado em conjunto com o Ministério da Agricultura do país. Este é mais um capítulo da história que começou a desenrolar-se a 20 de novembro, quando Alexandre Bompard publicou no X (antigo Twitter) uma carta em que "se compromete a não vender nenhuma carne do Mercosul". A afirmação do CEO do grupo causou enorme reação no país e no mundo.

O governo ressalta que vai "reagir com firmeza" contra novas campanhas que tenham objetivo de boicotar produtos brasileiros."O Brasil ressalta a importância da parceria estratégica, dos fluxos de comércio e dos laços históricos que mantém com o continente europeu de maneira geral e com a França em particular. Não obstante, voltará a reagir com firmeza contra qualquer nova campanha que tenha como alvo a imagem de produtos brasileiros, em especial do agronegócio, cujos padrões de excelência ao longo de toda a cadeia produtiva são reconhecidos em todo o mundo".

Além disso, classifica a campanha como "desinformação" e chama a atenção para o impacto negativo. "O governo brasileiro espera que as empresas que anunciaram boicotes a produtos brasileiros revertam essas decisões infundadas e que todos os atores que tenham contribuído para essa campanha de desinformação tenham presentes as consequências negativas de seus atos e levem em conta o grave impacto que poderão ter para as suas relações com o Brasil, que devem permanecer mutuamente benéficas e sempre pautadas pelo respeito e pela lealdade".

A nota oficial ainda ressalta que o protagonismo do Brasil no mercado internacional e atende aos requisitos sanitários de mais de 150 países. "A condição de protagonista no mercado global de alimentos, conquistada com produtos competitivos, sustentáveis e, sobretudo, de alta qualidade e rigor sanitário, é resultado do trabalho de várias gerações de brasileiras e brasileiros. Graças a essas características e à capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia, a produção brasileira também superará, como superou no passado, as atuais manifestações protecionistas baseadas em campanhas generalizadas sem qualquer base nos fatos e no sistemático ataque à imagem de produtos concorrentes".

Falta de carne

Depois das afirmações do CEO francês, diversos matadouros brasileiros, incluindo gigantes do setor como a JBS, decidiram deixar de vender para o Carrefour no Brasil, o que causou falta destas mercadorias em alguns supercados da rede. Após desta reação, o Carrefour pediu desculpas e alegou que foi um mal-entendido. "Lamentamos que nossa comunicação tenha sido percebida como uma ruptura em nossa parceria com a agricultura brasileira ou uma crítica a ela". O Carrefour afirmou em nota que, depois da retratação, a venda de carne foi normalizada.

amanda.lima@dn.pt

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