GLEX estreia-se no Canadá e vai ter também expedição à Antártida com equipa portuguesa
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GLEX estreia-se no Canadá e vai ter também expedição à Antártida com equipa portuguesa

Projeto nascido para celebrar os 500 anos da viagem de Magalhães e os 50 da chegada à Lua inicia nova fase, que vai ser anunciada em Nova Iorque. Manuel Vaz, CEO da Expanding, explica tudo ao DN.
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Qual a grande novidade GLEX Summit 2025 que vai ser anunciada neste sábado em Nova Iorque?

Na 121.ª gala anual do The Explorers Club, damos o passo mais ambicioso desde a fundação da GLEX Summit: a inauguração da sua fase de expansão internacional. Vamos realizar, em setembro, a primeira edição fora de Portugal, em Otava, capital do Canadá, e simultaneamente lançamos a primeira GLEX Expedition, uma missão científica à Península Antártica. Estes dois marcos – evento e expedição – representam o novo ciclo do GLEX como movimento global, com ação concreta no terreno. A edição canadiana será realizada, em parceria, com a Royal Canadian Geographical Society, referência mundial na promoção da ciência, da geografia e da exploração.

A expedição científica à Antártida vai ter participação portuguesa?

Sim, com muito orgulho. Portugal estará representado por uma equipa científica interdisciplinar que levará a cabo investigação de ponta na Península Antártica. A expedição, marcada para março de 2026, terá como foco o estudo do grau de alteração das rochas, com recurso a tecnologias avançadas de geo-tecnologias, robótica subaquática, geotecnia, geologia e biomonitorização ambiental. Vamos utilizar ROVs (veículos operados remotamente) e drones para realizar modelações 3D, capturar imagens de alta resolução e construir mapas batimétricos.  A missão integrará também amostragem geológica e biológica, estudos geomicrobiológicos e a recolha de dados para cruzamento com séries históricas de alterações climáticas. Esta expedição marca o início das chamadas GLEX Expeditions: ações científicas concretas, em zonas remotas do Planeta, com objetivos definidos, tecnologia de vanguarda e forte participação de investigadores portugueses, em parcerias com especialistas planetários. Esta é a prova de que o GLEX é muito mais que uma cimeira, é um catalisador de conhecimento no planeta e além

A GLEX Summit nasceu em Portugal. E da imaginação de um português. Como se vai manter a ligação ao país?

O GLEX foi forjado em Portugal, numa homenagem simbólica aos 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães e aos 50 anos da chegada do Homem à Lua. Nasceu como uma cimeira internacional de exploradores e pensadores, em coorganização entre a Expanding World e o The Explorers Club de Nova Iorque, e mantém-se fiel a essa matriz luso-global. A ligação a Portugal não é apenas emocional — é estrutural. Continuamos a realizar edições regulares em solo português, especialmente nos Açores, onde foi lançado o programa GLEX Academy, a nova plataforma educativa do projeto. Foi no âmbito da GLEX Academy que, na semana passada, três estudantes portugueses — vencedores de um concurso de projetos científicos lançado no GLEX 2024, em Angra do Heroísmo — viajaram até Nova Iorque para visitar, oficialmente, a sede do The Explorers Club e receber os seus diplomas de adesão ao programa Young Explorers. É este tipo de ação que nos garante que o GLEX permanece português na alma, mas global no alcance e geracional na ambição.

Porquê esta inclusão do Canadá?

O Canadá é um país com uma longa tradição de exploração científica, polar e ambiental, mas também com um profundo respeito pelos valores universais da ciência, da cooperação e da liberdade de pensamento. A colaboração com a Royal Canadian Geographical Society surgiu naturalmente, dentro de um quadro de partilha de princípios fundamentais — entre eles, a importância do conhecimento como pilar de progresso. Num momento em que o mundo atravessa instabilidades geopolíticas e retrocessos civilizacionais, escolher o Canadá é também uma afirmação: a de que a comunidade científica e exploradora do GLEX se revê em nações que apostam no conhecimento, na diversidade cultural e na sustentabilidade como caminhos para o futuro. Otava representa, por isso, muito mais do que um novo destino — é uma extensão ética e estratégica da nossa missão global.

Trouxe nos últimos anos a Portugal astronautas, também gente que subiu ao Evereste, outros que atravessaram África a pé ou que descobriram espécies animais na Amazónia. Quer dar algum exemplo de como se deram no país, sobretudo nos Açores, que têm um papel muito especial na história do GLEX Summit?

Os Açores são a alma atlântica do GLEX. É lá que o encontro entre território, ciência e futuro acontece com intensidade única. Recebemos astronautas que viram nos Açores paisagens comparáveis às da Lua, exploradores subaquáticos que mergulharam em campos hidrotermais de profundidade extrema e investigadores que iniciaram projetos em solo açoriano com repercussões globais. Mas talvez o exemplo mais simbólico seja o da Colossal Biosciences, a empresa de biotecnologia que lidera o esforço mundial de “deextinction” — ou seja, de ressuscitar espécies extintas através de engenharia genética. Foi no GLEX dos Açores que Ben Lamm, fundador e CEO da Colossal, e a sua equipa científica apresentaram publicamente o projeto internacionalmente, num momento que hoje é referenciado como o ponto de viragem na evolução das espécies. A Colossal está hoje a trabalhar na reintrodução do mamute lanoso, do dodó e do tigre-da-Tasmânia, numa revolução científica com implicações ecológicas e éticas profundas. E isso aconteceu no mesmo palco onde, noutras edições, discutimos a colonização de Marte, os limites da inteligência artificial e os fundos abissais. É essa a força do GLEX: cruzar disciplinas, provocar colaborações improváveis e lançar ideias que mudam o mundo.

Quão especial é o The Explorers Club de Nova Iorque, parceiro da portuguesa Expanding World?

O The Explorers Club é o ponto de encontro da elite mundial da exploração científica. É uma instituição única que moldou o século XX, da Antártida à Lua. Trabalhar com eles, como parceiros fundadores do GLEX, tem sido essencial para o crescimento, o prestígio e a autenticidade do nosso projeto. Agora, com a integração da Royal Canadian Geographical Society, formamos um triângulo estratégico que liga Portugal, Estados Unidos e Canadá em torno da ciência, do conhecimento e da ação. O GLEX é um legado em marcha. E está só a começar.

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O clube dos primeiros a irem aos polos, ao Evereste, ao fundo do mar e à Lua

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