Execução por pelotão de fuzilamento vai voltar a ser utilizada nos EUA
O conceito remete-nos para épocas sombrias e filmes do velho Faroeste, mas nos Estados Unidos o esquadrão de fuzilamento vai voltar a ser utilizado como método de execução de um homem condenado à morte.
A execução por fuzilamento está programada para ocorrer na Carolina do Sul, na próxima sexta-feira, pela primeira vez em 15 anos. Foi o próprio condenado, Brad Sigmon, sentenciado a pena de morte pelo assassinato dos pais da ex-namorada em 2001, quem escolheu esse método em detrimento da cadeira elétrica e da injeção letal.
Desde 1608, pelo menos 144 prisioneiros civis foram executados por fuzilamento nos EUA, a maioria deles no estado de Utah. Desde o regresso da pena de morte ao país, em 1977, apenas três execuções ocorreram por esse método.
Sigmon recusou a injeção letal, segundo o seu advogado, devido a preocupações sobre o uso correto deste método nas últimas três execuções na Carolina do Sul.
Segundo a NBC, no âmbito de um recurso perante o Supremo Tribunal da Carolina do Sul para tentar a suspensão da execução de Sigmon, a sua equipa jurídica observou que o relatório de autópsia de Marion Bowman Jr. , um condenado que foi morto por injeção letal no mês passado, indica que este recebeu "10 gramas de pentobarbital" e "morreu com os pulmões enormemente inchados com sangue e fluido", num processo semelhante ao de um "afogamento".
Essa quantidade de pentobarbital (um barbitúrico) é o dobro do que as autoridades penitenciárias atestaram ser necessária, de acordo com o protocolo de injeção letal do estado.
Agora, Brad Sigmon escolheu morrer por fuzilamento porque “as alternativas pareciam piores”, escreveu o seu advogado Gerald “Bo” King em comunicado, citado pela Associated Press (AP).
O que está planeado na Carolina do Sul
Na Penitenciária de Broad River, em Columbia, os atiradores serão voluntários empregados pelo Departamento Prisional. O esquadrão será composto por três pessoas que dispararão espingardas desde uma distância de cerca de 4,5 metros do condenado, que estará sentado. Ao contrário de alguns exemplos no passado, todas as armas vão ter munições reais.
Antes da execução, Sigmon terá a oportunidade de fazer uma última declaração. Em seguida, terá uma venda colocada sobre os seus olhos e um alvo será fixado sobre o coração.
Um vidro à prova de balas separará a câmara de execução da sala onde testemunhas, incluindo membros da imprensa, poderão assistir.
A história do fuzilamento nos EUA
Desde os tempos coloniais, o fuzilamento tem sido um método de execução nos EUA, usado para punir motins, deserções na Guerra Civil ou crimes no Velho Oeste. Durante a Revolução Americana, os soldados desertores eram, ocasionalmente, executados publicamente para servir de exemplo.
Na Guerra Civil, pelotões de fuzilamento eram usados por ambos os lados para criar um “espetáculo público de terror”, como lembra à Associated Press professor de história Mark Smith, da Universidade da Carolina do Sul. Os dados históricos indicam que pelo menos 185 homens foram mortos dessa forma durante o conflito.
A partir dos anos 1980, a maioria dos estados adotou a injeção letal para as execuções dos condenados à morte, método considerado “mais humano” na época. No entanto, alguns problemas com obtenção das drogas e execuções mal sucedidas fizeram com que alguns estados reavaliassem o fuzilamento como uma alternativa viável, como referiu Corinna Barrett Lain, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Richmond, à estação televisiva NBC: “Os estados têm tido dificuldade em obter os medicamentos e os profissionais médicos qualificados para a correta aplicação da injeção letal.”
Também para Deborah Denno, criminologista da Faculdade de Direito de Fordham, “a injeção letal só piorou ao longo das décadas”, disse à AP, considerando que “o pelotão de fuzilamento realmente volta a destacar-se como sendo um método relativamente decente de execução.”
Atualmente, há cinco estados que o permitem: Idaho, Mississippi, Oklahoma, Utah e Carolina do Sul, onde Brad Sigmon será então executado, na próxima sexta-feira, à força das balas.