Ex-ministro de Bolsonaro preso por tentar comprar um passaporte português
Gilson Machado, ex-ministro do Turismo de Jair Bolsonaro, foi preso pela polícia federal do Brasil por ter tentado fazer sair do país Mauro Cid, o delator do processo de golpe de estado que levou o ex-presidente e outros ao banco dos réus. Para tal, tentou comprar um passaporte português para Cid no consulado português no Recife, em Pernambuco, no mês passado, dizem as autoridades.
Segundo a polícia, há indícios de que Machado, ex-vocalista da banda de forró Brucelose que ficou famoso pela interpretação ao acordeão da Ave Maria de Gounod em homenagem às vítimas de covid numa live de Bolsonaro [vídeo], e Cid, que tinha a função de ajudante de ordens do ex-presidente, trocaram mensagens no sentido de obter aquele documento. O telemóvel de Machado também foi apreendido na operação policial.
Além de ministro do Turismo e de músico amador, o ex-ministro é veterinário e concorreu, sem sucesso, ao cargo de senador, em 2022, e de prefeito do Recife, em 2024.
A 26 de março, cinco juízes do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) aceitaram, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornaram Bolsonaro réu por tentativa de golpe de estado, liderança de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e mais dois crimes contra o património.
O julgamento de Bolsonaro e de mais sete réus, quatro ex-ministros, o ex-chefe da Marinha, o ex-chefe da agência de inteligência e o ex-ajudante de ordens do Palácio do Planalto, o citado Cid, que constituem o chamado “núcleo crucial” da organização que tentou um golpe de estado entre 2022 e o início de 2023, começou na última semana. Juristas dizem que, no limite, as penas podem chegar a 39 anos e quatro meses.