Estradas inundadas, comboios parados e voos desviados ou com atraso. Depois de Valência, Barcelona em alerta vermelho
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Estradas inundadas, comboios parados e voos desviados ou com atraso. Depois de Valência, Barcelona em alerta vermelho

Emitido aviso vermelho devido ao "perigo extremo de chuvas torrenciais", sobretudo na zona do litoral de Barcelona.
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A manhã desta segunda-feira em Barcelona está a ser marcada por inundações em várias estradas, comboios parados e voos cancelados ou com atrasos significativos. 

O aeroporto El Prat, o segundo maior de Espanha, está a ser bastante afetado pelo agravamento do estado do tempo que se faz sentir em Barcelona, em alerta vermelho devido a chuvas torrenciais, com várias zonas inundadas, como se vê nas imagens que estão a ser partilhadas nas redes sociais.        

A Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet) emitiu esta segunda-feira um aviso vermelho para Barcelona devido ao "perigo extremo de chuvas torrenciais", sobretudo na zona litoral. 

A Aemet pediu "muita precaução" e que se evitem viagens, a não ser que seja estritamente necessário, prevendo uma precipitação acumulada em 12 horas de 180 litros por metro quadrado que afetará principalmente Baix Llobregat e áreas adjacentes. 

Depois de Valência, os efeitos do fenómeno meteorológico conhecido como DANA (DINA em português) fazem-se sentir agora na capital da Catalunha. 

De acordo com o La Vanguardia, as fortes chuvas estão a afetar seis municípios da província de Barcelona: Vallès Occidental, Baix Llobregat, Barcelonès, Garraf, Maresme e Vallès Oriental.

Há registo de estradas inundadas e comboios parados. Devido à acumulação de água no túnel El Prat, a circulação na linha de alta velocidade entre Barcelona e Tarragona chegou a estar temporariamente interrompida, informou o ministro dos Transportes, Óscar Puente, nas redes sociais. A circulação foi, entretanto, restabelecida de forma parcial.  

Verifca-se também constantrangimentos no aeroporto Barcelona-El Prat, onde 50 voos foram cancelados e outros 17 tiveram que ser desviados. 

O gestor aeroportuário Aena informou em comunicado que foram desviados até agora 17 voos de chegada, encaminhados para aeroportos alternativos, enquanto cerca de 50 operações de saída foram canceladas pelas companhia aéreas.

Os voos que continuam a sair estão a registar atrasos "consideráveis", dado que os controladores estão a dar mais tempo no intervalo entre voos por motivos de segurança.

A situação levou à constituição de um comité de crise no aeroporto para acompanhar o impacto das chuvas ao longo do dia.

Fontes do aeroporto citadas pela agência EFE disseram que estão a decorrer trabalhos para restabelecer a normalidade nas zonas interiores que ficaram inundadas 

Segundo a informação de chegadas e partidas do aeroporto de Lisboa, há dois voos cancelados provenientes de Barcelona, um da TAP e o outro da Vueling e um de partida da Vueling também cancelado. 

No aeroporto do Porto, a informação indica que há um voo da Vueling com origem em Barcelona cancelado e outro com destino à cidade na mesma situação.

De referir que a Aemet alertou para chuvas torrenciais que chegaram aos 81 litros por metro quadrado no aeroporto El Prat.

O Serviço Meteorológico da Catalunha (Meteocat) também alertou para "precipitação intensa e abundante". 

Devido ao agravamento das condições meteorológicas, as universidades da Catalunha suspenderam as atividades académicas. 

A Proteção Civil da Catalunha alertou na manhã desta segunda-feira para a elevada intensidade de precipitação que em alguns casos pode ser acompanhada de granizo, refere o La Vanguardia. É pedida extrema cautela, sobretudo nas deslocações, recomendando que os trabalhadores permaneçam nos seus locais de trabalho. A mesma publicação indica ainda que a Proteçção Civil recomenda que, na medida do possível, não se vá buscar as crianças às escolas, considerando-as “um lugar seguro”.  

Entretanto, as localidades mais afetadas pelas inundações nos subúrbios de Valência vão continuar hoje interditas a não moradores, ao mesmo tempo que as escolas permanecerão fechadas toda a semana e as autoridades apelam ao teletrabalho.

O governo regional da Comunidade Valenciana, onde morreram pelo menos 217 pessoas no temporal de terça-feira da semana passada, decidiu prolongar por 48 horas a proibição de acesso a 10 localidades nos arredores da cidade de Valência, que foi pela primeira vez adotada no domingo.

As autoridades justificam a decisão com o objetivo de facilitar os trabalhos de garantia e restabelecimento dos serviços essenciais nas zonas afetadas, incluindo a distribuição de água e alimentos e a reposição total do fornecimento de energia e das telecomunicações.

No feriado de sexta-feira e no sábado, acorreram a estas localidades multidões de voluntários para ajudar em tarefas de limpeza ou para levar água, alimentos e outros bens a municípios em que os abastecimentos estão condicionados pela destruição de infraestruturas e de lojas.

Na sexta-feira, a afluência de pessoas bloqueou os acessos às localidades dos subúrbios da cidade de Valência, com as autoridades a apelarem para que não fossem levados os carros e a criarem um centro de voluntariado para tentar organizar as multidões.

No sábado, milhares de pessoas foram ao centro de voluntariado, mas milhares de outras continuaram a dirigir-se por livre iniciativa, a pé, para as zonas afetadas, enchendo totalmente caminhos e vias de acesso.

Quase uma semana após o temporal, a província de Valência, a mais afetada pelas cheias e onde vivem mais de 2,6 milhões de pessoas, continua a ter estradas cortadas ou condicionadas, assim como limitações nas redes do metro e dos comboios suburbanos.

As autoridades fizeram um apelo ao teletrabalho esta semana em todas as atividades que não estejam relacionadas com os serviços essenciais e decidiram manter as escolas e universidades fechadas nos próximos dias.

Segundo o último balanço do governo regional, de domingo à tarde, há 12 municípios que continuam sem gás e já foi restabelecido 95% do fornecimento de eletricidade.

Quando à rede de saneamento e de água, continua a ter as maiores perturbações, mas em todas as zonas afetadas está já garantido algum tipo de fornecimento de água para limpeza que, porém, não é própria para consumo humano.

O leste de Espanha, em especial a região de Valência, foi atingido na terça-feira por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse no sábado o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma "situação trágica" na região de Valência e anunciou o envio de mais 5.000 militares para o terreno e de mais 5.000 elementos das forças de segurança.

Com este reforço, há já mais de 7.000 militares nas zonas afetadas pelas cheias e 10.000 elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.

Além dos mais de 200 mortos confirmados até agora, dezenas de famílias continuam a procurar pessoas desaparecidas, segundo as autoridades.

Os trabalhos das equipas de resgate estão a concentrar-se agora em garagens e parques de estacionamento que permanecem alagados.

Além das vítimas mortais, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, comunicações e transportes.

Mais de 100 mil carros danificados e destruídos

O temporal da semana passada na região espanhola de Valência deixou danificados e destruídos mais de 100 mil carros que estão a ser retirados e levados para centros de abate, segundo as estimativas das empresas de remoção no terreno.

A Rede de Empresas de Assistência na Estrada (REAC) de Espanha enviou para as zonas afetadas pelas inundações de Valência 70 gruas e 100 pessoas, que estão a atuar em coordenação com a Unidade Militar de Emergências (UME) das Forças Armadas, removendo veículos das zonas rastreadas pelas equipas de resgate.

Segundo a coordenadora da REAC, Sonia Luque, citada pela agência de notícias EFE, a estimativa é de que mais de 100 mil veículos tenham ficado afetados pelo temporal.

O temporal de terça-feira da semana passada deixou milhares de carros amontoados em estradas, ruas e parques de estacionamento das cidades da região de Valência, muitas vezes empilhados uns nos outros em verdadeiras montanhas de veículos, naquilo que é já uma das imagens mais associadas a estas inundações.

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