Covid-19. Nova pista aponta cão-guaxinim como possível origem
Diretor-geral da OMS criticou a China por não compartilhar as informações genéticas mais cedo: "Esse dado poderia e deveria ter sido compartilhado há três anos".
As origens da Covid-19 continuam uma incógnita ao fim de três anos. Vírus de laboratório ou vírus de origem animal? Até agora, nenhuma hipótese foi descartada e pouco se avançou realmente na identificação do ponto de partida. A última novidade nesta matéria, contudo, parece vir reforçar hipótese de o vírus Sars-Cov-2, que provocou a pandemia global, ter tido origem animal depois de material genético recolhido no mercado chinês de Wuhan mostrar o ADN de uma espécie de guaxinim (um canídeo originário do Japão, chamado 'cão-guaxinim') misturado com o vírus.
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Os dados foram publicados recentemente pelo centro chinês de controlo de doenças no maior banco de dados público de vírus do mundo, mas removidos quase de seguida. No entanto, um biólogo francês descobriu as informações por acaso e compartilhou-as com um grupo que está a investigar as origens do coronavírus.
Estas amostras terão que ser comparadas com o registo genético da evolução do vírus, para perceber o que terá surgido primeiro.
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"Esses dados não fornecem uma resposta definitiva sobre como a pandemia começou, mas todos os dados são importantes para nos aproximar da resposta", disse esta sexta-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que também criticou a China por não compartilhar as informações genéticas mais cedo, afirmando que "esse dado poderia e deveria ter sido compartilhado há três anos".
O cão-guaxinim é criado por causa do seu pelo e a carne é vendida em mercados por toda a China.
As amostras foram recolhidas no início de 2020 de superfícies de uma barraca que comerciava animais selvagens no mercado de Huanan, em Wuhan, onde os primeiros casos humanos de Covid-19 foram encontrados no final de 2019.
Ray Yip, epidemiologista e membro fundador do escritório dos Centros de Controlo de Doenças dos EUA na China, diz que as descobertas são significativas, embora não sejam definitivas.
"São de longe a evidência mais forte para apoiar a origem animal", disse Yip à agência Associated Press.
A diretora técnica de Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, alertou que a análise não encontrou o vírus em nenhum animal nem encontrou evidência concreta de que tenham sido estes animais a infetar humanos. "O que isso fornece são pistas para nos ajudar a entender o que pode ter acontecido", disse.
O código genético do Sars-Cov-2 é bastante semelhante ao do coronavírus do morcego, e muitos cientistas suspeitam que ele saltou para os humanos diretamente de um morcego ou por meio de um animal intermediário como pangolins, furões ou cães-guaxinim.