Confrontos em Los Angeles alastram-se a São Francisco com dezenas de detenções
As manifestações que eclodiram no fim de semana em Los Angeles contra a política de imigração da administração de Donald Trump alastraram-se a outras cidades da Califórnia. Em São Francisco, cerca de 60 pessoas foram detidas após confrontos com a polícia junto ao edifício dos Serviços de Imigração (ICE).
A escalada de tensão surgiu na sequência da mobilização de agentes federais e da chegada de tropas da Guarda Nacional ao centro de Los Angeles, uma ordem decretada pelo ex-presidente Donald Trump e fortemente contestada pelas autoridades locais.
A presença dos militares em LA foi confirmada durante o domingo, com pelo menos 300 soldados destacados para garantir “a segurança das operações” e tentar conter os protestos, segundo o Departamento de Segurança Interna.
Imagens divulgadas por vários meios de comunicação norte-americanos mostraram tropas no centro da cidade, apesar de declarações anteriores do governador da Califórnia, Gavin Newsom, e da presidente da Câmara de Los Angeles, Karen Bass, que afirmavam que os soldados ainda não tinham chegado.
A presença das forças federais reacendeu o confronto político. Newsom classificou a ordem de Trump como “insensata” e anunciou que pretende processar a administração federal. Bass, por sua vez, acusou o ex-presidente de gerar “caos intencional”.
Trump respondeu com insultos, chamando o governador de “Newscum” e acusando os líderes locais de incompetência. Já no domingo de manhã, Trump elogiava a atuação da Guarda Nacional na sua rede Truth Social, afirmando que os protestos são obra da “esquerda radical” e “arruaceiros pagos”.
Os confrontos nas ruas de LA intensificaram-se na noite do último domingo (8), com registo de pelo menos 27 detenções, incluindo manifestantes que bloquearam a autoestrada 101.
Várias viaturas da polícia foram atingidas com objetos e dois carros autónomos foram incendiados. Um motociclista foi detido após furar uma barreira policial, ferindo dois agentes.
A polícia de Los Angeles declarou o centro da cidade como zona de “ajuntamento ilegal”, abrindo caminho para mais detenções. Um jornalista australiano foi atingido por uma bala de borracha enquanto cobria os protestos.
Violência espalha-se para São Francisco
Também na noite de domingo e início de madrugada desta segunda-feira (9), os protestos chegaram a São Francisco. Centenas de pessoas reuniram-se em frente às instalações do ICE em repúdio às operações migratórias conduzidas no estado.
A manifestação, inicialmente pacífica, degenerou em confrontos com a polícia, que acabaram com cerca de 60 detenções, incluindo jovens.
Segundo a polícia de São Francisco, os protestos transformaram-se num cenário de vandalismo, agressões e destruição de propriedade. Dois agentes ficaram feridos, um deles hospitalizado com ferimentos ligeiros. Um carro da polícia foi danificado e um revólver foi apreendido durante as detenções.
“O direito à manifestação está garantido, mas a violência - especialmente contra agentes da polícia - não será tolerada”, afirmou a polícia local num comunicado divulgado pela CNN.
Enquanto a tensão aumenta nas ruas - e nos gabinetes, uma vez que a Guarda Nacional foi mobilizada sem o consentimento do governador - cresce o receio de que os protestos se espalhem ainda mais pela Califórnia nos próximos dias.
Esta não é a primeira vez que Donald Trump aciona a Guarda Nacional para conter manifestações. Em 2020, durante os protestos nacionais após a morte de George Floyd, o então presidente pediu o envio de tropas a Washington D.C., pressionando governadores a adotarem medidas semelhantes.