Protesto foi realizado na abertura do evento.
Protesto foi realizado na abertura do evento.ANATOLY MALTSEV / EPA

Cimeira do Clima começa com protestos e foco no financiamento

Evento reúne mais de 200 delegações e ocorre após a reeleição de Donald Trump e a incerteza sobre a participação dos Estados Unidos na edição de 2025. O atual governo enviou John D. Podesta, conselheiro sénior para política climática americana.
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Você quer que as suas contas de supermercado e energia aumentem ainda mais? Você quer que o seu país se torne economicamente não competitivo? Você realmente quer ainda mais instabilidade global, que custam vidas preciosas? “Foram estas as perguntas do secretário Executivo da ONU para as Mudanças Climáticas, Simon Stiell, na abertura da cimeira do clima, a COP 29, que começou ontem em Baku, no Azerbaijão. O evento arrancou com protestos de diversos grupos políticos pró-Palestina e de ativistas climáticos. 

Afastados destas manifestações, os 200 delegados do evento começaram a discussão sobre a agenda deste ano, focada na procura de recursos financeiros, tanto que a COP foi batizada de “COP do financiamento”. Segundo Simon Stiell, um plano de transição climática exige um investimento anual de pelo menos 2,2 mil milhões de euros em energias renováveis e adaptação. O responsável apelou no discurso de abertura a que se chegue a um acordo .“Nos últimos anos, demos alguns passos históricos para frente. Não podemos deixar Baku sem um resultado substancial. Reconhecendo a importância deste momento, as Partes devem agir de acordo”, pediu.

A incerteza americana

A edição em Baku - a terceira seguida num país que produz petróleo ou gás - também começa poucos dias após a vitória de Donald Trump na corrida à presidência americana. Publicamente, Trump já disse que, se fosse eleito novamente, retiraria os EUA do Acordo de Paris - que tem como objetivo limitar o aquecimento global a 2°C até o final do século. O país está representado na cimeira por John D. Podesta , conselheiro sénior do presidente Joe Biden para política climática internacional. Perante as posições conhecidas do futuro líder dos EUA Podesta tentou tranquilizar a situação ao dizer que o país “continuaria a reduzir as emissões, beneficiando o próprio país e beneficiando o mundo”. 

Portugal presente

Maria da Graça Carvalho, ministra do meio ambiente, lidera a comitiva portuguesa na cimeira do clima, no Azerbaijão. Portugal conta com um espaço próprio no evento, que vai funcionar até o dia 22 de novembro, quando acaba a cimeira. O mote da presença nacional é Investing in a Greener Future Together: It’s Worth it. De acordo com o ministério, serão sete os focos principais: Ação Climática, Energia, Água, Eficiência de Recursos, Biodiversidade, Cooperação Internacional e Pessoas. 

A representação portuguesa receber 55 iniciativas durante os nove dias de programação. Portugal conta com a parceria da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e instituições da União Europeia (UE). O país possui, atualmente, 65,8 milhões de euros de financiamento internacional como compromisso climático. Parte desse valor, 3,5 milhões de euros na conversão da dívida de São Tomé e Príncipe e outros 12 milhões encontra-se na conversão da dívida de Cabo Verde em investimento climático e outros.

“Os resultados deste acordo de conversão da dívida em financiamento climático são muito positivos. Neste momento está já a decorrer um procedimento concursal para a manifestação de interesse para o repowering da Central Fotovoltaica de Palmarejo, em Cabo Verde”, frisou a ministra, em comunicado. Ao DN, Maria da Graça Carvalho afirmou que resíduos e transportes são prioridades do Governo para reduzir emissões. A meta é ampliar parcerias, com destaque para a CPLP, após 2025.


amanda.lima@dn.pt

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