O Hamas divulgou uma lista com os 34 reféns que estaria disponível para libertar numa primeira fase do acordo de cessar-fogo com Israel, mas o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeita que haja qualquer avanço nas negociações. “Até à data, Israel não recebeu qualquer confirmação ou comentário do Hamas em relação ao estatuto dos reféns na lista”, disse, não se sabendo quais estão vivos ou mortos. Segundo o The Times of Israel, a lista é o levantamento feito pelas próprias autoridades israelitas no final de julho, sem os nomes dos cinco reféns que foram entretanto mortos e de um outro que foi resgatado. A lista inclui dez mulheres, duas crianças (o Hamas alegou no passado que ambas foram mortas num ataque aéreo israelita, mas nunca apresentou provas), além de 11 homens com idades entre os 50 e os 86 e um grupo de doentes. A lista divulgada inicialmente por um meio de comunicação saudita, mas à qual terão tido também acesso agências como a Reuters ou a AFP ou meios como a BBC, inclui o mais novo dos 251 reféns levados para a Faixa de Gaza nos ataques de 7 de outubro de 2023 e o mais velho ainda no enclave palestiniano. Kfir Bibas tinha apenas nove meses quando foi levado junto com a mãe, o pai e o irmão de quatro anos, já Shlomo Mansur tem 86 anos. Dos 251 reféns, 109 foram libertados (a maioria na trégua de novembro de 2023) e oito resgatados. Haverá ainda 96 reféns nas mãos do Hamas (e outros grupos islamitas), sendo que Israel acredita que 34 estarão mortos, restando apenas 62 com vida. Há também dois civis e dois militares (já mortos) que estão há mais de dez anos na Faixa de Gaza - o que explica o número de 100 reféns reconhecidos por Israel.Depois da publicação da lista, as famílias dos reféns emitiram um comunicado a dizer estar “profundamente abaladas e angustiadas”. E defendem que é “a hora de um acordo abrangente” que liberte todos os cem reféns, apelando ao governo israelita. “O meu irmão Nimrod e os outros homens estão a lutar para continuar vivos. Ninguém tem o direito de os obrigar a ficar e a sofrer. Não deve haver uma seleção de quem vive e quem morre”, disse Yotam Cohen, irmão de um dos soldados levados no ataque de 7 de Outubro. “Somos todos seres humanos. Não há dúvidas sobre quem vale mais. Todos os que foram feitos reféns devem ser devolvidos”, acrescentou. Pressão dos EUAO secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, apelou à concretização de um acordo. “Queremos muito que isto esteja concluído nas próximas duas semanas, no tempo que ainda temos”, disse aos jornalistas numa viagem na Coreia do Sul, quando questionado sobre se um acordo estava próximo. EUA, Qatar e Egito têm atuado como mediadores entre Israel e o Hamas nas negociações, que continuam em Doha.Já o presidente-eleito Donald Trump reiterou, numa entrevista a uma rádio conservadora, que o Hamas terá que enfrentar sérias consequências se não libertar os reféns antes da sua posse, a 20 de janeiro. “Você é o líder mais poderoso do mundo. Certifique-se que o primeiro refém sairá e que o último também. Por favor não deixe nenhum refém para trás, certifique-se que todos regressam a casa”, disse Meirav Leshem Gonen, mãe da refém Romi Gonen, dirigindo-se em inglês diretamente ao republicano.Três israelitas morrem em ataqueDuas septuagenárias israelitas e um polícia de 35 anos morreram e oito pessoas ficaram feridas quando um autocarro e dois veículos foram atingidos com tiros em Al-Funduq, uma aldeia palestiniana no norte da Cisjordânia, junto a uma importante autoestrada usada por palestinianos e israelitas. Os tiros terão sido disparados por pelo menos dois alegados terroristas palestinianos, com o exército a lançar uma caça ao homem. “Alcançaremos os vis assassinos e acertaremos contas com eles e com todos os que os ajudaram. Ninguém escapará”, escreveu o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, numa mensagem no X. susana.f.salvador@dn.pt