A um ano e oito meses da próxima eleição presidencial, Lula da Silva lidera em todos os cenários propostos, à primeira e à segunda voltas, pelo instituto de sondagens Quaest. No entanto, há uma má notícia para o atual presidente da República do Brasil na pesquisa: acumula 49% de rejeição, isto é, de brasileiros que não votam nele em nenhuma circunstância. Outro facto revelador é ser Gusttavo Lima, um cantor sertanejo sem partido nem experiência política que declarou intenção de se candidatar nos últimos dias, o opositor que mais se aproxima de Lula.No levantamento, que ouviu 4500 brasileiros em finais de janeiro, são colocados os nomes de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, Eduardo Bolsonaro (PL), deputado federal, Ciro Gomes (PDT), quatro vezes candidato presidencial, Pablo Marçal (PRTB), empresário e terceiro classificado nas eleições para a prefeitura de São Paulo em 2024, e Gusttavo Lima (sem partido). Todos são considerados representantes da direita, ou da extrema direita, à exceção de Ciro, centrista.Em quatro cenários de primeira volta, sempre com Lula mas retirando um ou mais concorrentes, o presidente oscila entre os 28% e os 33%. Gusttavo Lima, na melhor performance, chega a 18%, Marçal, a 14%, e Ciro, a 13%. O pico de Zema é 8% e o de Caiado apenas 4%.Em eventual segunda volta, Lula ganha sempre com percentagens entre os 41 e os 45%. O cantor sertanejo, mais uma vez, apresenta o melhor resultado, 35%, a apenas seis pontos do atual presidente; o governador paulista, o filho de Bolsonaro e o empresário, somam todos 34%, a sete, o primeiro, e a oito, os outros dois, de Lula.Dessa forma, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais do governo Lula, afirmou que “não há surpresa no favoritismo” do atual chefe de Estado. “Tenho a certeza de que ele vai chegar a 2026 com muita saúde, muito apetite e muita força para defender o projeto que botou o Brasil no rumo de novo”. “Gusttavo Lima? Eu levo a sério a candidatura de todo mundo”, comentou ainda Padilha. “Qualquer um que queira ser candidato, tem que se filiar a um partido, tem que participar da política, eu levo a sério qualquer candidatura, não faço chacota”.O próprio Gusttavo Lima agradeceu o apoio. “Eu não esperava um resultado desses agora, já que o Brasil tem tantos nomes de que gosto”, afirmou num vídeo publicado nas redes sociais. “O Brasil tem jeito. Não vamos desistir do Brasil”.A 8 de janeiro o ícone do estilo sertanejo universitário lançou-se candidato, em entrevista ao jornal Metrópoles, dizendo que “o Brasil precisa de alternativas” e que estava “cansado de ver o povo passar necessidade sem poder fazer muito para ajudar”. Como Lima é próximo do candidato assumido Ronaldo Caiado, com ótima aprovação no estado, Goiás, que governa mas sem impacto nacional ao contrário do cantor, a iniciativa foi vista como uma jogada política entre ambos.“Gusttavo Lima tem um nível de conhecimento nacional próximo dos 80%, muito superior a outros nomes como Tarcísio, Zema e Caiado”, avalia Filipe Nunes, o diretor da Quaest. “Isso dá a ele uma vantagem competitiva. Para ser votado, é preciso ser conhecido. A essa altura da disputa, o conhecimento muito maior do cantor sertanejo acaba por ajudá-lo”.“Vivemos uma era que eu chamo de ‘política pop’, quando o debate político é tomado pelo interesse puro e simples pelo entretenimento, o surgimento de nomes da música, das artes e da cultura digital na política retratam bem esse novo momento, mas, embora a ‘política pop’ já tenha se provado vitoriosa para cargos legislativos, ela ainda não foi capaz de vencer uma grande disputa maioritária no Brasil”, concluiu o diretor do instituto.RejeiçõesE há um reverso da medalha para um “político pop”: a alta rejeição. Dos entrevistados na sondagem, exatamente metade diz não votar de forma nenhuma em Gusttavo Lima. Mas Lula, com 49%, está quase no mesmo barco.Essa rejeição alta deriva, de acordo com o núcleo mais próximo de Lula, da inabilidade que o governo tem revelado para gerir notícias populares e impopulares, como a da vigilância sobre o Pix, o MB Way brasileiro, que deu a entender que o executivo pretendia taxar as transações financeiras. Por isso, o presidente mudou a equipa de comunicação.Ouvido pelo jornal Folha de S. Paulo, um elemento dessa nova equipa de comunicação, liderada pelo ministro Sidônio Palmeira, disse que a avaliação do governo “estava ruim mesmo” e que se a eleição fosse este ano, com metade do país contra si, Lula poderia ser derrotado. A ideia do marketing governamental agora é dar “uma guinada total”, na forma, por exemplo, de conferências de imprensa regulares do presidente para chamar a si o controlo da agenda política. .Bolsonarista prodígio encurrala governo e supera Lula nas redes .Cantor sertanejo lança candidatura ao Planalto e agita o xadrez político