Biden promete "transição pacífica", mas a guerra é entre os democratas

No primeiro discurso depois da vitória de Donald Trump, o presidente norte-americano prometeu uma “transição pacífica e ordeira” de poder. Joe Biden, num recado ao antecessor e sucessor, que nunca admitiu a derrota em 2020, disse que isso é algo “que o povo americano merece”. E pediu aos americanos que “baixem a temperatura”, apesar de ser entre os democratas que a temperatura está elevada, com os apoiantes de Kamala Harris a culparem o presidente pela derrota..“Em democracia, a vontade do povo prevalece sempre”, defendeu Biden, lembrando que as eleições são “competições de visões concorrentes” e que cabe ao país escolher. “Aceitamos a escolha que o país fez”, insistiu o presidente, reiterando que “não se pode amar o país apenas quando se ganha” e “não podemos amar o próximo apenas quando concordamos com ele”. E pediu aos norte-americanos que, independentemente de em quem votaram, “não vejam o outro como adversário” e “baixem a temperatura”..Biden também procurou defender a sua presidência, sem fazer uma análise aos resultados das eleições, dizendo que tem sido “histórica” por tudo o que foi feito e que deixará para trás “a mais forte economia do mundo”. Mas, avisou, a “maioria” do que foi feito ainda não se sente - reconhecendo que “as pessoas ainda estão a sofrer” - e só vai ser sentida nos próximos 10 anos, mencionando o investimento em infraestruturas no valor de um bilião de dólares. “O caminho à nossa frente é claro, partindo do suposto que o sustentamos”, indicou, em mais um recado para Trump, que promete rasgar muito do que Biden fez. .“Os contratempos são inevitáveis, mas desistir é imperdoável”, afirmou o presidente. “Uma derrota não significa que fomos derrotados. Perdemos esta batalha”, acrescentou, pedindo aos norte-americanos que continuem “empenhados” e “mantenham a fé”. Biden elogiou ainda a vice-presidente pela “campanha inspiradora”, dizendo que toda a sua equipa “deve estar orgulhosa da campanha que fizeram”..Na quarta-feira à noite, Harris tinha feito o seu próprio discurso a conceder a vitória de Trump, mas prometendo continuar a lutar. “Um princípio fundamental da democracia americana é que quando perdemos uma eleição, aceitamos os resultados. Este princípio, como qualquer outro, distingue a democracia da monarquia ou da tirania”, disse. “Concedo esta eleição, mas não concedo a luta que alimentou esta campanha”, defendeu..Entre os apoiantes de Harris (e não só), muitos culpam o presidente pela derrota. Defendem que tinha que ter abdicado da reeleição mais cedo, diante das questões sobre a sua idade e capacidade mental. Biden só desistiu a 21 de julho, abrindo a porta à sua vice-presidente - que também nunca conseguiu afastar-se da imagem do presidente. Segundo a sondagem da AP, só quatro em seis eleitores que votaram disseram aprovar o trabalho de Biden na Casa Branca. .susana.f.salvador@dn.pt

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