Biden despede-se da Europa com mensagem de apoio à Ucrânia

Num formato mais curto do inicialmente previsto, Joe Biden está esta sexta-feira em Berlim para reforçar os laços com a Alemanha e o euroatlantismo, naquela que deve ser a última viagem enquanto presidente à Europa, mas também para deixar uma mensagem de apoio à Ucrânia. No dia anterior, depois de tê-lo feito em Washington, Londres, Paris, Roma, e no parlamento ucraniano, Volodymyr Zelensky apresentou o seu plano de vitória no Conselho Europeu e no Conselho NATO-Ucrânia. Da agenda inicial da visita à Alemanha - adiada devido ao furacão Milton - constava uma reunião presidida por Biden na base aérea de Ramstein com os representantes dos restantes países do grupo de apoio à Ucrânia. Agora cinge-se a uma reunião com o presidente Frank-Walter Steinmeier, outra com o chanceler Olaf Scholz e por fim, mas não menos importante, um encontro com Scholz, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron. Na ordem das conversações estão os esforços ocidentais para reforçar as defesas da Ucrânia. Segundo um funcionário da Casa Branca - que, de acordo com as regras da presidência, fala sob anonimato - a “questão fundamental para os EUA e para Joe Biden” é deixar “a Ucrânia numa posição de força”. Ao que acrescentou: “Queremos que a Ucrânia prevaleça nesta guerra e precisamos de lhe dar os meios de que necessita para o fazer. Mas não o podemos fazer sozinhos, temos de o fazer com os nossos parceiros e aliados.” De que forma estas declarações se conjugam com a realidade - ou o realismo - é a grande questão quando Biden se reunir com os três líderes europeus. Os três primeiros dos cinco pontos do plano de Zelensky (convite para a integração na NATO, autorização para usar armas em solo russo e um pacote de armamento de dissuasão) estão longe de reunir consenso, apesar de em Kiev haver esperança de que Biden, no período entre as eleições e a tomada de posse do próximo presidente, tomar uma resolução marcante. Até agora, apenas os países bálticos receberam o documento de braços abertos. “Espero que este plano não seja apenas um pedaço de papel, mas que seja seguido de ações e medidas”, afirmou o ministro da Defesa da Estónia, Hanno Pevkur. “A nossa hesitação é a melhor e mais direta forma de escalada”, considerou o presidente lituano Gitanas Nauseda. O novo secretário-geral da NATO multiplicou-se em declarações de apoio à entrada da Ucrânia na aliança militar, situando o país como o “33.º ou 34.º membro”, e declarando o documento de Zelensky como “um sinal forte”, mas Mark Rutte não se comprometeu nem com datas quanto à adesão ucraniana nem com o apoio ao plano de Kiev. Sem grande surpresa, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán disse que o plano é “aterrador” e voltou a sugerir o início imediato de negociações de paz. Na Alemanha, isso é o que também defendem os extremistas da AfD, em segundo lugar nas sondagens, e os populistas de esquerda BSW, em quarto, exercem pressão no chanceler, que na quarta-feira voltou a voluntariar-se para explorar conversações com o líder russo. Já o líder da oposição, o democrata-cristão Friedrich Merz, responsabilizou Scholz pelo “facto de a Ucrânia ter de lutar com uma mão atrás das costas”, referência à decisão de o social-democrata rejeitar o envio de mísseis de longo alcance..O secretário-geral da Aliança Atlântica Mark Rutte em diálogo com Zelensky no Conselho NATO-Ucrânia. (EPA/OLIVIER MATTHYS / POOL).Zelensky dixit.Ou NATO ou arma nuclear Em conferência de imprensa em Bruxelas, o líder ucraniano revelou a conversa que manteve com Donald Trump na recente visita aos EUA. Lembrou que Kiev assinou o Memorando de Budapeste, em 1994, no qual cedeu as armas nucleares em troca de garantias de segurança não concretizadas. “Ou a Ucrânia vai ter armas nucleares ou deve fazer parte de uma aliança. Além da NATO, não conheço outra tão eficaz”, terá dito, ao que Trump respondeu ser um argumento justo. Militares da Coreia do NorteDepois de ter dito há dias que Pyongyang iria enviar soldados para lutar contra a Ucrânia, Zelensky disse ter informações dos serviços secretos de que já há oficiais norte-coreanos em zonas ocupadas pela Rússia enquanto se prepara o envio de 10 mil soldados. “É o primeiro passo para uma guerra mundial”, afirmou..cesar.avo@dn.pt

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